Projetos alcançam 1.931 reeducandos em Mato Grosso
Com um ano de existência, a Fundação Nova Chance (Funac), criada pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), já alcançou 1.931 reeducandos com vários projetos criados e desenvolvidos nas cadeias, presídios e penitenciárias de Mato Grosso. O objetivo da fundação é reintegrar os homens e mulheres privados de liberdade, ao proporcionar ao fim do cumprimento de pena um retorno digno à sociedade.
Os resultados positivos podem ser conferidos em diversas unidades prisionais, como na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, onde a fundação desenvolve o projeto Bio-Bike, que profissionaliza mais de 20 reeducandos por meio da remodelação de bicicletas apreendidas transformando-as em coletoras de óleos residuais.
Ainda na PCE, a fundação desenvolve o projeto de manufaturas de crinas, no qual 40 reeducandos realizam a seleção e classificação dos fios de crinas de bovinos e equinos, fazendo o processo de esticamento dos fios e preparação para exportação. O projeto também é realizado no presídio feminino Ana Maria do Couto May, alcançando 16 reeducandas.
Além da manufatura de crinas, as reeducandas do presídio feminino têm outra opção para diminuir o tempo ocioso e geração de renda, com a fábrica de confecções de roupas. O projeto consiste na fabricação e confecção de roupas, artefatos têxtil para uso doméstico (avental, guardanapo, etc) artigos de cama, mesa e banho, uniformes de empresas em geral e demais acessórios como bordados e crochês.
INTERIOR
Os projetos da Fundação Nova Chance também atingem reeducandos das unidades prisionais do interior do Estado, tais como o presídio Dr. Osvaldo Florentino Leite Ferreira - Ferrugem, em Sinop, e a Cadeia Pública de Água Boa. Nas unidades são desenvolvidos cursos profissionalizantes de marcenaria, hidráulica, elétrica, pintor e confecção de sacolas com materiais recicláveis.
Além de investir na qualificação profissional dos reeducandos, a Fundação Nova Chance também gera oportunidade de acesso à educação básica, fundamental, média e superior aos presos de todo Estado, por meio da Escola Estadual Nova Chance em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O objetivo é facilitar o acesso à educação a 1.513 homens e mulheres em privação de liberdade em Mato Grosso.
Em Rondonópolis, na penitenciária Major Eldo Sá Correa (Mata Grande), foi lançado recentemente o livro 'Escrevendo sou livre', mostrando de forma concreta o êxito nas ações de educação em prisão em Mato Grosso. Na obra - a primeira lançada por presos no Estado - 61 páginas de fragmentos de vidas privadas de liberdade escritos por 48 reeducandos da unidade.
Outro público alvo das qualificações da Fundação Nova Chance são os servidores do Sistema Prisional do Estado. Este ano, a Fundação capacitou 300 agentes prisionais dos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio do Leveger, Poconé, Rosário Oeste e Nobres.
Para a diretora do presídio feminino Ana Maria do Couto May, uma das unidades com projetos da fundação em desenvolvimento, Dinalva Oriede Silva Souza, a fundação progrediu bastante.
"Pelo pouco tempo que começou é notável o esforço e os avanços da Funac, em especial no presídio feminino", avalia a diretora da unidade.
"A participação dos parceiros é fundamental para o trabalho de ressocialização. Investir em ressocialização vale a pena, não só para o sistema mais também para a sociedade. Se investirmos na qualificação de 20 reeducandos, por exemplo, serão menos 20 pessoas no mundo do crime", completou Dinalva.
AVALIAÇÃO
Segundo a reeducanda do presídio feminino, Ana Paula Aparecida Egues de Sousa, 26 anos, presa por tráfico de drogas e roubo, o trabalho dentro da unidade é uma forma de esquecer os vícios e diminuir o tempo ocioso. "Faço trabalho de manufatura. Não conhecia e gosto de participar. É uma maneira de diminuir a minha pena além de gerar renda", disse.
A presidente da Fundação Nova Chance, Neide Mendonça, avalia o primeiro ano de atuação da instituição como um grande desafio lançado pelo Governo do Estado. "Nesse um ano dificuldades surgiram, mas parte delas foram superadas graças à união de esforços de pessoas e instituições que entenderam o objetivo da fundação", observou.
A expectativa da fundação para os próximos anos é firmar novas parcerias para desenvolvimento de outros projetos dentro das unidades prisionais do Estado. "Pretendemos implementar novas ações nas áreas de trabalho, aumentando a intermediação da mão-de-obra, qualificação profissional dos reeducandos e formação continuada dos servidores", finalizou Neide Mendonça.
A partir do próximo dia 25 de agosto, a Fundação Nova Chance realiza a 3ª Semana Estadual de Ressocialização. Com o tema 'Reconstruir com Cidadania', o evento vai reunir profissionais que trabalham na área sócio-jurídica do Sistema Penitenciário, profissionais liberais, estudantes e demais profissionais de áreas afins, promovendo discussões, reflexões e ações que incentivem mudanças de atitude e reconstrução da cidadania de jovens e adultos do sistema penitenciário do Estado.
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