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Sábado - 06 de Julho de 2013 às 13:12

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Há 18 dias, Khariny Gonçalves e Silva, 33, assumiu a função de única médica de Novo Santo Antônio (MT), cidade a 1.100 km da capital de Cuiabá. Salário: R$ 30 mil.
 

 
"Não tem asfalto, não tem esgoto nem água encanada", diz Eleandro Turatti, marido da médica. "Para sacar dinheiro, são quatro horas de carro."
 

 
A estrutura que encontrou na unidade de saúde não era boa, mas está melhorando, diz Khariny. "O prefeito não sabe o que o posto precisa. Se peço um remédio, na outra semana está chegando."
 

 
Com grande rotatividade e dificuldade de fixar um médico, a prefeitura de Novo Santo Antônio --cidade de 2.000 habitantes-- diz que é obrigada a pagar salários elevados.
 

 
"Hoje temos a médica, mas deu trabalho. Pago R$ 30 mil para ficar. Se não for [esse salário], não vem médico. E esse valor mata o município", explica Lourivan Santos, secretário municipal de Saúde.
 

 
Mesmo após os descontos, o salário de Khariny, que faz jornada de 40 horas semanais e sobreaviso, é mais que o dobro dos R$ 10 mil líquidos anunciados pelo Ministério da Saúde para o programa Mais Médicos para fixar médicos brasileiros e estrangeiros no interior do país.
 

 
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) tem dito que a prioridade será preencher as cerca de 10 mil vagas com os profissionais brasileiros.
 

 
Porém, a realidade de municípios do interior ou da periferia das grandes cidades mostra que, com salários iguais ou superiores à bolsa, não é tarefa fácil fixar o médico.
 

 
Os motivos relatados por gestores variam: falta de estrutura da cidade, distância da capital e salários mais atrativos nos grandes centros.
 

 
O Conselho Federal de Medicina diz que é preciso estruturar carreiras para médicos.
 
 
 
Estrangeiros
 

 
"Estou colada em Belo Horizonte, tenho duas UPAs [Unidade de Pronto Atendimento], ambulância, laboratório muito bom e um centro com especialidades médicas. E ainda tenho dificuldade", diz Kátia Barbosa, secretária de Saúde de Santa Luzia (MG).
 

 
Desde janeiro, ela tenta preencher 21 vagas de médico, com R$ 12 mil líquidos. Ela não descarta estrangeiros e questiona o interesse de brasileiros na bolsa de R$ 10 mil.
 

 
Maria Neuman Azevedo, secretária de Saúde de José da Penha (RN), a cerca de 400 km de Natal, concorda que a bolsa dificilmente atrairá o médico nacional. "Se for estrangeiro, fixa, o brasileiro não fixa, não." A secretária, que oferece R$ 9.000 líquidos, tem duas vagas abertas.
 

 
Para José Fortunati, presidente da Frente Nacional de Prefeitos, haverá interesse dos brasileiros. Ele diz que, além da bolsa, os médicos terão moradia e alimentação custeados pelos municípios.
 

 
Procurado, o Ministério da Saúde não se pronunciou.





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