Empreendedores do Microcrédito comemoram sucesso obtido nos negócios
Passados dois anos do empréstimo realizado por meio do programa Microcrédito, três empreendedoras de Rondonópolis avaliam os resultados obtidos com a ajuda do programa, que financia até R$ 1.500, sem juros, com carência de até três meses para iniciar o pagamento e parcelamento em até 12 vezes. O recurso pode ser utilizado na compra de máquinas, equipamentos e ferramentas, novas e usadas, matéria-prima, mercadorias para revenda e bens destinados à produção, prestação de serviços e comercialização.
Desde 2004 o Microcrédito já emprestou R$ 3,3 milhões a aproximadamente 3.500 cidadãos em 79 municípios onde o programa está implantado. Até o fim do ano mais 15 cidades serão contempladas.
Moradora do bairro São Sebastião, a comerciante Carmelita Aparecida de Souza, 45 anos, financiou, em julho de 2007, um forno industrial com capacidade para assar 30 frangos e o colocou no bar e mercearia da família. De lá para cá, começou a vender os frangos nos domingos e feriados. “No primeiro ano as vendas eram menores, uma média de 16 frangos por domingo. Depois fiz cartõezinhos, panfletos e as pessoas também foram conhecendo o tempero, daí as vendas foram aumentando. Hoje, chego a vender 50 frangos por domingo”, contabiliza. Dependendo da época, o preço do frango assado pode variar entre R$13,00 e R$15,00 e atingir até R$ 20,00 por unidade, como acontece na época de Natal.
Carmelita conta que recebe encomendas dos bairros vizinhos como o Jardim Atlântico e Cidade de Deus. Os moradores ligam durante a semana, ela deixa o frango reservado e eles pegam no bar no domingo. “Tenho muitas encomendas e isso ajuda bastante nas vendas”, explica a comerciante, que passou a oferecer também carne de costela bovina assada a R$ 15,00 o quilo.
Com a renda de seu negócio, a comerciante adquiriu uma segunda máquina, que instalou num supermercado, e agora pensa em fazer outro empréstimo para colocar uma nova máquina em outro ponto e comprar uma máquina de assar espetinhos, sem fumaça. A renda obtida é empregada no próprio negócio e ainda sobra para ajudar a família. Ela paga a faculdade da filha, de 23 anos, e o tratamento odontológico do filho, de 27. Também já comprou um freezer para estocar os frangos. “O programa me ajudou muito. Dependia do marido e agora sou independente, ganho o meu próprio dinheiro. E isso é a melhor coisa do mundo”.
O Microcrédito também trouxe autonomia a Maria Alves Costa, 48 anos. Ela trabalha com o marido, Francisco Marins, 48 anos, na sapataria que possuem na frente da casa, no bairro São Sebastião, e, com o auxílio do programa incrementou a produção e a venda das bolsas que confecciona. “Comprei 20 metros de couro para fazer mais bolsas. Antes do empréstimo eu produzia 40 bolsas por mês. Atualmente dobramos essa produção e continuamos vendendo muito bem”, lembra a comerciante, que trabalha com bolsas em couro, napa e material sintético que compra em Rondonópolis e Goiânia.
O sucesso com as bolsas foi tanto que superou a venda dos antigos produtos da sapataria. Antes do programa o marido fazia consertos diversos, vendia botinas e chinelos rústicos e materiais para peão de fazenda. “Agora vivemos com o lucro das vendas das bolsas. E vamos melhorar ainda mais com a liberação, talvez ainda este ano, dos recursos de um novo empréstimo que já foi aprovado”, comemora a artesã. Além de vender as bolsas na sapataria, Maria Alves passa os produtos para sacoleiras e conserta bolsas usadas. “Cobro R$ 10 por bolsa consertada. E ainda falo para as clientes que as minhas são um pouco mais caras, mas são bem melhores e mais duráveis. Até hoje, vejo gente nas ruas com bolsas que vendi quando comecei o negócio”, comemora.
Produtos de qualidade a preços baixos também são a promessa da comerciante Isabel Gonçalves de Souza, 36 anos. Dona da bem-sucedida loja Bel Modas, que montou em frente de sua casa, no bairro Jardim Primavera, ela olha para trás satisfeita ao constatar os frutos de anos de trabalho. “Meu primeiro empréstimo foi para a compra de mercadorias para revenda. A loja mandou direto. Eu não tinha dinheiro para viajar”, relembra.
A comerciante também não tinha a loja, construída, junto com o marido, representante comercial, na parte da frente da casa dela onde residem com os dois filhos, de 14 e 15 anos. “Ficamos um ano e meio pagando aluguel até conseguirmos construir aqui, no fim de 2007. No começo vendia cerca de R$ 1 mil por mês, era bem pouquinho. Hoje, consigo vender uma média de R$ 4 mil por mês. Sempre coloquei de tudo um pouco, que é para o cliente ter opção”. Na loja há artigos femininos, masculinos e infantis.
Isabel que expandir ainda mais o negócio. Ela viaja, a cada dois meses, para Goiânia e Paraná e está planejando ir para São Paulo comprar produtos para as vendas do fim do ano. “Na próxima semana vou abrir firma, o que tem custos, mas também benefícios. Tenho um sonho de aumentar a loja. O ponto é bom, vendo bem e a maioria dos clientes não me trazem problemas. A ampliação é só uma questão de tempo,” prevê a comerciante.
O Microcrédito atende a um público variado, com foco nos que estão fora do mercado financeiro. Na avaliação da secretária de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (Setecs), Terezinha Maggi, o programa é o “empurrãozinho” que muitas pessoas precisam para iniciar um pequeno negócio. “Temos vários casos de sucesso, pessoas que tinham aptidão e vontade de gerir um negócio próprio, mas não conseguiam acesso a financiamento, por desconhecerem o mercado financeiro ou até mesmo pela humildade, medo de entrar em um banco. O Microcrédito nasceu para atender a essa parcela da população e o melhor é que não cobra juro, ou seja, a pessoa empresta e paga o mesmo valor. Ninguém faz isso no país”.
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