Cidade pode deixar crise e virar modelo
Apesar da crise enfrentada por Marcelândia (715 quilômetros de Cuiabá) após ações federais de combate ao desmatamento na região, realizadas na Operação Arco de Fogo, a cidade é considerada uma das mais promissoras para adoção de um modelo sustentável de exploração da Floresta Amazônica, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Egon Krakhecke, afirmou que a disposição das lideranças locais em se adequar às normas ambientais tem chamado a atenção do governo federal e a cidade pode servir de modelo nacional em um futuro próximo, se os planejamentos regionais se concretizarem.
Marcelândia ocupou o topo do ranking das 36 cidades que mais desmataram a floresta em 2007, quando foram derrubados 179 quilômetros quadrados de mata no município. Ano passado, o desmate caiu para 10 quilômetros quadrados e, até julho deste ano, registrou-se 0,17 quilômetros quadrados de devastação na área. A queda superior a 90% foi acompanhada de desemprego e problemas sociais.
Krakhecke afirmou que já existem alternativas sendo traçadas para a reestruturação da economia local. “É difícil saber quanto tempo levará essa recuperação porque é um caminho novo que estamos começando a trilhar, mas há um interesse muito grande das partes envolvidas no processo”, disse o secretário, que está até hoje em Cuiabá participando do 8ª Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica.
A estruturação das cidades que tinham a economia baseada em práticas ambientalmente condenáveis é o foco da Operação Arco Verde, que envolve um conjunto de ministérios e órgãos federais e estaduais. As principais apostas na mudança das práticas de exploração da mata são a regularização fundiária e a adoção de projetos de manejo florestal para a retirada de toras.
Em Marcelândia, a indústria madeireira é a principal fonte de renda da população, grande parte da atuação é clandestina. “O projeto de manejo é algo muito promissor e dá mais lucro que a pecuária. Com o projeto aprovado, é possível retirar a madeira selecionada sem destruir a vegetação e isso deverá gerar uma grande oferta de empregos”, pontuou. Ele frisou também que várias cidades da lista das desmatadores, que subiram para 43 este ano, enfrentam situações como à de Marcelândia.
Krakhecke disse que é necessário o fortalecimento das entidades que prestam assistência técnica a agricultores e pequenos produtores e também dos órgãos ambientais. Como em outros estados, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente precisa dar mais celeridade na avaliação e liberação de projetos de manejo florestal, defendeu ele.
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