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Sexta - 05 de Julho de 2013 às 21:18

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A revista Nature, renomada publicação científica internacional, publicou, ontem, artigo com comentário sobre a importância dos recursos genéticos armazenados nos bancos de germoplasma do mundo inteiro para alimentar a humanidade. Os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Dario Grattapaglia e José Francisco Montenegro Valls, juntamente com um seleto grupo de cientistas que trabalham na área de recursos genéticos em diversos países, aparecem como co-autores e revisores da publicação, resultado de uma reunião técnica organizada pela Crop Diversity Trust (organização não governamental ligada à FAO) ocorrida em dezembro de 2012 em Asilomar, na Califórnia.


 
No artigo "Agriculture: feeding the future" (em português: "Agricultura: alimentando o futuro"), a mensagem prioritária é de que é preciso utilizar melhor a diversidade genética contida nos bancos de germoplasma espalhados pelo mundo para superar a escassez de alimentos. "Devemos utilizar a diversidade genética contida em bancos de sementes e variedades tradicionais para ajudar a superar a escassez de alimentos", afirmam os autores, capitaneados pela Dra. Susan MacCouch, professora de genética e melhoramento de plantas e de biologia vegetal da Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova York.


 
O artigo cita que a humanidade depende de menos de uma dúzia das cerca de 300 mil espécies de plantas com flores, que suprem 80% de sua ingestão calórica diária. Para os cientistas, utilizar apenas uma fração da diversidade genética existente dentro de cada uma destas espécies não será suficiente para suportar a demanda por alimentos no futuro. "A disponibilidade de alimentos deve dobrar nos próximos 25 anos para manter o mesmo ritmo do crescimento populacional e de renda em todo o mundo", afirma a publicação.



Tudo isso em meio a um cenário de alterações climáticas, degradação do solo e da água e escassez de terras.


 
Como solução, os pesquisadores apontam para a necessidade de se domesticar novas culturas e aumentar a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção de culturas com a finalidade de aproveitar por completo o poder da diversidade genética para alimentar o mundo. Os cientistas dizem ainda que o melhoramento de plantas precisa de um "impulso", já que a produção de novas sementes com alto rendimento e adaptabilidade às condições futuras seriam a "pedra angular" do desenvolvimento sustentável.



"Parentes silvestres, variedades tradiconais e espécies selvagens ainda não domesticadas representam fontes ricas de nova variação para a agricultura. Tais plantas sobreviveram repetidamente a desafios ambientais extremos e diversos, mas a resistência e capacidade de adaptação que evoluíram destes desafios ao longo de milênios permanecem em grande parte inexploradas e mal compreendidas", diz o texto.


 
Neste sentido, a "abordagem genômica" aparece como um dos três passos fundamentais propostos pelo grupo para superar os desafios impostos ao melhor aproveitamento da diversidade. "No plano técnico, somos capazes hoje de usar a composição genômica das plantas integradas a modelos estatísticos complexos para predizer seu potencial agronômico e características de resistênica a pragas e patógenos.



Melhoristas de plantas podem hoje usar marcadores do DNA para selecionar indiretamente plantas individuais portadoras de genes específicos de resistência a pragas e patógenos ou tolerância ao estresse, sem precisar expor as plantas a estes desafios. A abordagem genômica permite assim otimizar a seleção de plantas superiores otimizando o investimento subsequente em testes de campo caros e demorados", cita o artigo.


 
Um segundo passo apontado pelo grupo e considerado o mais desafiador tecnicamente, mais caro e mais demorado é a fenotipagem, ou seja, a avaliação das características de produtividade, qualidade nutricional e resistência a pragas, patógenos e estresse ambiental, dos acessos conservados nos bancos de germoplasma. Este passo, entretanto, poderá ser altamente otimizado pela informação genômica que pode ser gerada rapidamente  direcionando e sistematizando o trabalho de fenotipagem.


 
O terceiro passo apontado para a melhor utilização da diversidade genética é a melhoria da infraestrutura e acesso para catalogar a grande quantidade e informação genômica e de fenotipagem das coleções de sementes. "O uso de dados obtidos pelo sequenciamento genético em combinação com a informação fenotípica, geográfica e ecológica vai permitir aos pesquisadores direcionarem experimentos de campo de forma estratégica e desenvolver modelos que possam prever o desempenho da planta. Isso tornará o melhoramento de plantas mais rápido, mais eficiente e mais barato".





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