Lula diz que só imbecis e ignorantes criticam o Bolsa Família
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou nesta sexta-feira de imbecis e ignorantes aqueles que classificam o Bolsa Família como um programa eleitoreiro ou assistencialista. Hoje, governo federal reajustou em 9,68% o valor do benefício. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, o aumento terá um impacto de R$ 406 milhões no Orçamento de 2009.
"Alguns dizem assim: o Bolsa Família é uma esmola, é assistencialismo, é demagogia e vai por aí afora. Tem gente tão imbecil, tão ignorante, que ainda fala 'o Bolsa Família é para deixar as pessoas preguiçosas porque quem recebe não quer mais trabalhar'", disse Lula na cerimônia de formatura de turmas do Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional para o Bolsa Família, em Belo Horizonte.
Antes da cerimônia, em entrevista à rádio Itatiaia, em Belo Horizonte, o presidente defendeu o Bolsa Família e também condenou os que criticam o benefício. Segundo Lula, a "porta de saída" do Bolsa Família é o crescimento econômico do país e a geração de emprego.
"Somente uma pessoa ignorante ou uma pessoa de má-fé ou uma pessoa que não conhece o povo brasileiro será capaz de dizer que uma pessoa que recebe o Bolsa Família vai ficar vagabundo e não quer mais trabalhar. É não conhecer a sociedade brasileira", afirmou.
O presidente disse ainda que o governo já registrou "gestos extraordinários" de pessoas que devolveram o cartão magnético do Bolsa Família depois de conseguirem emprego.
Patrimônio eleitoral
Segundo estudo do pesquisador Maurício Canêdo Pinheiro, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o programa Bolsa Família foi responsável por um aumento de cerca de três pontos percentuais na votação do presidente Lula segundo turno das eleições presidenciais de 2006.
Na ocasião, Lula obteve 60,83% dos votos, ou seja, mais de 58,2 milhões. O tucano Geraldo Alckmin ficou em segundo lugar, com 39,17% dos votos.
O levantamento indica ainda que o impacto do programa nas eleições foi maior que o gerado pelo desempenho da economia.
Segundo a pesquisa, em 2002, Lula foi particularmente bem sucedido em regiões mais urbanizadas e desenvolvidas do país. Já em 2006, ocorreu uma migração da base eleitoral para regiões menos desenvolvidas --mais dependentes do Estado e mais beneficiadas pelo programa.
Segundo o estudo, o aumento de um ponto percentual no número de beneficiários do programa elevou em 0,55 ponto percentual a votação de Lula em 2006, enquanto que a mesma variação na taxa de crescimento econômico incrementou a votação em apenas 0,21 ponto percentual.
O efeito eleitoral do Bolsa Família nos Estados das regiões Norte e Nordeste foi superior ao dos demais Estados do país. Em Alagoas, por exemplo, o programa aumentou em 8,17 pontos percentuais a votação de Lula, enquanto que no Rio de Janeiro e São Paulo o incremento foi de 1,12 e 1,89 pontos percentuais, respectivamente.
Pelos números pesquisados, Alagoas foi o Estado onde o efeito do Bolsa Família mais contribuiu para a votação de Lula, seguido de Roraima (6,85%) e Acre (6,53%).
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