É cedo para decretar fim da crise, diz presidente da Fiesp

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, pede cautela nas comemorações dos sinais de recuperação da economia brasileira, segundo entrevista de Denyse Godoy da Folha desta quinta-feira.

Ele adverte para a empolgação excessiva e diz que ela é perigosa porque pode fazer com que sejam deixadas de lado providências ainda necessárias para que a tendência de retomada seja mantida --como a redução da taxa básica de juros e novas desonerações de impostos.

Segundo ele, o país está em processo de recuperação da economia, mas em ritmo lento. "Certamente, neste ano, por mais que haja uma melhora até dezembro, não conseguiremos ter um crescimento positivo. O PIB do país cairá entre 0,5% e 1%", disse.

Conforme divulgou a FGV nesta quarta-feira (29), a alta de 6,2% na confiança da indústria de transformação em julho foi puxada pela melhora nas perspectivas brasileira para o emprego e a produção nos próximos três meses.

O indicador de expectativas que compõe o ICI (Índice de Confiança da Indústria) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) teve neste mês a segunda maior alta desde outubro de 2003, de 8,2%, sinalizando uma expectativa do mercado de que o pior da crise econômica no Brasil já passou. A elevação só é superada pelos 8,4% de abril, último mês de recessão no país, segundo apontam pesquisas dos bancos Itaú Unibanco e Bradesco em reportagem da Folha.

Ontem, mesmo com a divulgação de taxa menor para o desemprego (14,8% em junho, ante 15,3% em maio), o técnico da equipe de análise da Fundação Seade, Alexandre Loloian, também pediu cautela.

Para Loloian, apesar dos sinais positivos, o otimismo excessivo deve ser evitado, uma vez que "a queda do nível de ocupação no setor industrial foi muito grande, bem como o recuo dos investimentos privados". No conjunto das seis regiões pesquisadas, o nível de ocupação na indústria caiu 1% em junho, com eliminação de 25 mil postos de trabalho.