Paulo Bernardo diz que Brasil já saiu da crise, mas defende disciplina
"Tudo indica que o segundo trimestre vai ter um crescimento, em relação ao primeiro, na ordem de 1,5%, talvez até 2% [do PIB, Produto Interno Bruto]. Enfim, nós estamos muito convencidos de que isso já é passado. Isso não quer dizer que os nossos problemas estejam resolvidos. Tem setores que ainda estão sofrendo. Precisamos aprimorar as políticas e trabalhar com muito afinco, muita disciplina, mas estamos bastante otimistas", disse Bernardo ao sair de congresso sobre gestão pública.
Em reportagem da Folha publicada hoje, dois estudos diferentes dos bancos Bradesco e Itaú Unibanco apontam que a recessão técnica terminou em maio. Após dois trimestres seguidos de retração, a economia brasileira voltou a se expandir exatamente no centro do segundo trimestre.
Para o ministro, no entanto, as sequelas da crise poderiam ser muito piores se o Brasil não tivesse adotado as medidas anticrise. "Nós perdemos receita por conta da redução da atividade econômica e optamos por reduzir impostos, o que causou mais perda de receita, para manter nossos programas sociais. Tivemos que reduzir o rigor fiscal. Se tivesse aumentado o desemprego, nossa conta de seguro desemprego seria altíssima. Nós gastamos no primeiro semestre quase 10 milhões com seguro desemprego", disse.
Como efeito da crise, Bernardo aponta o afrouxamento do rigor fiscal, que deve gerar aumento da relação dívida/PIB este ano, como ele mesmo admitiu. Por outro lado, ele afirmou que não se pode ficar preso ao bordão de corte de gastos sem avaliar outros fatores da economia.
"As pessoas estão querendo medir a realidade com uma régua que existia antes dessa crise. A realidade mudou completamente. Essa ladainha que o pessoal fica repetindo, na verdade, não serve para nós. O Brasil é mais complexo que só falar 'corta gastos, corta gastos'. É um discurso que está vencido".
Fim do recesso
Segundo o Bradesco, com os dados até maio, o PIB do segundo trimestre já apontava um crescimento de 1,7% em relação aos primeiros três meses deste ano. Até abril, os resultados eram negativos.
Já os economistas do Itaú Unibanco detectaram em maio uma alta de 2,3% do PIB em relação a abril, o que também sugere a primeira expansão trimestral da economia após a crise. Os dados fazem parte de uma nova pesquisa, que segue a metodologia do IBGE, para estimar o PIB mensal, já livre de efeitos sazonais. Em abril, a pesquisa apurara retração de 0,7% em relação a março.
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