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Economia
Quarta - 22 de Julho de 2009 às 20:32

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O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou hoje a quinta redução consecutiva na taxa básica de juros. A taxa Selic caiu 0,50 ponto percentual, de 9,25% ao ano para 8,75% ao ano.

O ritmo de corte foi, no entanto, menor que o verificado nas reuniões anteriores do BC. Desde janeiro, foram feitos três cortes de 1 ponto percentual e um de 1,5 ponto.

"Tendo em vista as perspectivas para a inflação, em relação a trajetória de metas, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 8,75% ao ano, sem viés, por unanimidade", afirmou o Copom em nota.

Entre os setores, o comércio aprovou a decisão e disse esperar que a medida chegue até o consumidor por meio de crédito mais barato. A indústria, por sua vez, reclamou do ritmo menor do corte efetuado pelo BC, assim como os representantes dos trabalhadores, que o classificaram como "tímida" e "irrisória".

Para analistas de mercado, no entanto, a Selic deve permanecer no mesmo patamar até o final do ano. Após a medida, bancos anunciaram redução dos juros para empréstimos.

A decisão anunciada hoje já era prevista pela maioria dos economistas, que acreditam ser esta a última redução dos juros neste ano.

Segundo o Copom, devido à defasagem entre a redução dos juros e seus efeitos na economia, o Comitê avalia "que esse patamar de taxa básica de juros é consistente com um cenário inflacionário benigno, contribuindo para assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas ao longo do horizonte relevante, bem como para a recuperação não-inflacionária da atividade econômica".

A avaliação do mercado financeiro é de que o nível atual dos juros é suficiente para garantir a recuperação da economia brasileira, afetada pela crise econômica internacional. Cortes adicionais, no entanto, poderiam ter impactos sobre a inflação.

Desde o final de 2003, no início do governo Lula, o BC não promovia uma sequência de cortes de juros dessa magnitude. Com isso, desde o início do segundo trimestre, os juros já estão no menor nível da história.

Em janeiro, os juros caíram de 13,75% para 12,75% ao ano. Em março, o BC acelerou a redução, e a taxa caiu para 11,25%. Nas reuniões de abril e junho, os juros caíram para 10,25% e 9,25% ao ano, respectivamente.

Novos cortes

Apesar da redução no ritmo de corte dos juros, parte do governo ainda vê espaço para que o BC reduza mais a taxa. No mercado financeiro, no entanto, a opinião predominante é de que os juros vão ficar estáveis até 2010, quando o BC voltará a subir a taxa.

Reforça essa expectativa, um relatório divulgado no final de junho pelo BC. Nele, a instituição avalia que a maior parte do efeito provocado pelas quedas dos juros realizadas desde janeiro sobre a atividade econômica será sentida neste segundo semestre. Por outro lado, o efeito sobre a inflação aparecerá na virada de 2009 para 2010, já que, nesse caso, a defasagem é maior.

O próximo passo do BC em relação aos juros será conhecido na primeira semana de setembro, na próxima reunião do Copom. O comitê se reúne a cada 45 dias, aproximadamente, em oito encontros anuais. As reuniões seguintes serão no final de outubro e início de dezembro.

Consumidor

Os cortes na taxa básica realizados nesse ano já tiveram impacto sobre os juros cobrados pelos bancos para empresas e pessoas físicas. No ano passado, mesmo com a taxa Selic estável, os juros bancários subiram devido à falta de recursos para crédito no mercado financeiro, devido aos efeitos da crise.

O aumento do crédito e a queda na taxa básica ajudaram, no entanto, a melhorar esse quadro. Segundo pesquisa do próprio BC, a taxa média do crédito bancário para o consumidor no país está hoje em 47,3% ao ano. Em novembro do ano passado, chegou a quase 60% a.a.. No mesmo período, a taxa do cheque especial recuou de quase 175% para 168% ao ano.

De acordo com a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), a queda dos juros produzirá mais efeitos indiretos do que diretos na economia. Para a associação, uma taxa mais baixa reduz a rentabilidade dos bancos em aplicações de títulos públicos. Isso leva os mesmos a emprestar mais, provocando maior competição no mercado de crédito e, consequentemente, queda nas taxas.

Inflação

Em relação aos efeitos do corte de juros sobre a inflação, o mercado financeiro já prevê uma taxa ligeiramente acima da meta de 4,5% para 2009. Esse é um fator que reforça a expectativa de uma freada no processo de queda dos juros a partir de agora.

O IPCA (índice oficial de inflação) acumulou uma taxa de 4,8% nos 12 meses encerrados em junho. Esse indicador de preços ao consumidor é medido pelo IBGE e serve como meta para o BC.

No primeiro semestre, a inflação foi de 2,57%. Isso significa que é necessário que haja uma desaceleração da taxa até o fim do ano para que a meta seja cumprida.





Fonte: Folha Online

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