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Cidades/Geral
Quinta - 16 de Julho de 2009 às 22:03
Por: Eduardo Gomes de Andrade

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Do final de 2007 a meados do ano passado, o garoto Fabrício Gonçalves Gomes, de 11 anos, se submeteu a tratamento para derrotar a hanseníase que o acometia. Foi um período doloroso, mas ele suportou com resignação e se viu livre dessa doença com citação bíblica. No entanto,restaram as sequelas que ainda o atormentam.

Fabrício mora na periferia de Cuiabá e está matriculado em escola pública. Não sofre discriminação pelo fato de ser ex-hanseniano. No entanto, é discriminado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que tem conhecimento de seu caso – e de outros em idênticas condições – mas se recusa a custear a cirurgia que precisa fazer para devolver à sua mão direita os movimentos perdidos com o processo lento e gradual de atrofia. O garoto venceu a doença, mas perde a luta contra sua sequela, diante da indiferença do Estado.

A mão direita de Fabrício está parcialmente atrofiada, perdeu tecido muscular e parte do dedo indicador, e todos os dedos se movimentam com dificuldade.

Mato Grosso não tem hospital credenciado para cirurgias de lesões causadas pelo bacilo da hanseníase. Fabrício está na fila para ser operado, mas o problema é que ela não anda, pois se andasse não levaria a lugar nenhum.

A situação de Fabrício foi manchete de jornais e ganhou espaço na TV Terra. Nos bastidores a reação da SES foi de indignação, mas na prática, atendendo o garoto, essa secretaria nada fez.

O caso de Fabrício é grave. A cada dia sua capacidade de movimentação da mão direita é menor. A insensibilidade do titular da SES, Agostinho Moro, o condena à invalidez diante da indiferença do Ministério Público Estadual, que se mostra alheio a esse caso gravíssimo.

O Governo de Mato Grosso não tem estrutura para atender cirurgias de portadores de sequelas da hanseníase, porque a SES desmontou a equipe médica especializada que atendia os pacientes no Centro Estadual de Referência de Média e Alta Complexidade (Cermac), em Cuiabá.

Espero que o Ministério Público descruze os braços, que exija o imediato atendimento ao garoto – e aos seus pares -, e que paralelamente a isso mova ação por negligência, omissão de socorro e descumprimento da norma constitucional que define Saúde Pública como direito do cidadão e dever do Estado.

Também espero que o governador Blairo Maggi exonere o secretário Moro, pois Saúde Pública exige gestão humana, competente e eficiente e com ela não se deve brincar.

eduardogomes.ega@gmail.com





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