Coronel Adaildon é acusado de receber gado de traficante
Documentos do Ministério Público Estadual anexados ao inquérito que apura a grilagem de terras públicas na região do Vale do Araguaia, entre 2002 e 2005, aponta que o ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Adaildon Evaristo de Morais Costa, teria cobrado até R$ 150 mil para retirar grileiros, mediante uso de força física, de fazendas na região do Vale do Araguaia quando era comandante na região de Barra do Garças. Segundo relatório da Polícia Federal anexado ao processo à época em que Adaildon já era comandante da PM em Rondonópolis , aponta que o coronel da reserva cobrou R$ 30 mil para retirar posseiros da fazenda Uirapuru, em Porto Alegre do Norte, quando ainda era o responsável pela corporação em Barra do Garças.
No pedido de prisão acatado pelo Julier Sebastião da Silva, Adailton é apontado como suspeito de ter recebido 400 cabeças de gado de um traficante para facilitar o transporte de drogas na região de Cáceres. Teria também desviado verbas de alimentação e combustíveis da Polícia Militar. Em maio de 2007, o coronel foi demitido do Comando da PM depois que o governador Blairo Maggi recebeu denúncia de tortura contra sem-terra praticada por policiais militares.
Em depoimento, uma das testemunhas diz que Adailton tinha relação estreita com o ex-comandante da PM em Tangará da Serra, Elierson Metello, apontado como líder da “ação fardada”, um dos três modos de atuação do grupo. “Quem está no comando no lugar do tenente coronel Metelo é o coronel Adaildon”, diz um trecho do depoimento. O mesmo informante afirmou que filhos do coronel Adaildon tiveram a viagem ao parque temático da Disney, nos Estados Unidos, pagas por pessoas supostamente envolvidas no esquema.
A principal fonte de lucro do grupo era a expulsão de assentados de locais destinados à reforma agrária mediante ameaça e violência física. Em seguida, grileiros envolvidos no esquema conseguiam obter os títulos das áreas por meio da falsificação dos documentos com a ajuda da escrevente Maria Elisabeth Carvalho. Com isso, conseguiam a desapropriação e ser indenizados pela União. Também amedrontavam fazendeiros para depois oferecer serviço de segurança privada, prestado por pistoleiros e policiais militares, inclusive com o uso de armas e outros recursos da corporação.
As atividades criminosas ocorriam principalmente nos municípios de Vila Rica, Santa Cruz do Xingu, Confresa, Porto Alegre do Norte, Ribeirão Cascalheira, Alto Boa Vista e São Félix do Araguia. “Vale notar que também contribuíram para o fomento das atividades criminosas empresários, policiais militares, pistoleiros e Goiás e financiadores do Distrito Federal.
Adaildon e mais quatro militares foram presos, há duas semanas, na Operação Pluma, deflagrada pela Polícia Federal nos estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Há relatos de torturas. O inquérito da PF tem 11 anexos e vários volumes. Há relatos de tortura e homicídios.
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