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Quarta - 15 de Julho de 2009 às 15:22
Por: Bruno Garcia

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Juiz federal, que chefiou Operação Arca de Noé, vê nova dinâmica de Segurança no Estado

Sem citar uma vez sequer o nome do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, acusado de comandar o crime organizado no Estado, durante entrevista ao MidiaNews, na terça-feira (14), o juiz federal Julier Sebastião avaliou que, depois da realização da Operação "Arca de Noé", há oito anos, Mato Grosso passou a viver uma nova situação.

"Quem viveu aquela época, antes dessa intervenção da Justiça Federal e da Segurança Pública, sabe bem a diferença. Tínhamos um governador de fato [referindo-se a João Arcanjo]. Hoje, isso não existe: o nosso governador de fato é o governador de direito", disse Julier Sebastião.

O juiz federalé um dos coordenadores da Operação Pluma, que, no começo do mês, desarticulou uma quadrilha especializada em grilagem de terras da União, no Leste de Mato Grosso. O grupo era composto de políticos, servidores públicos e oficiais da Polícia Militar. O caso encontra-se, no momento, em fase de conclusão de inquérito na Polícia Federal e, após a conclusão, será encaminhado ao Ministério Público Federal.

A Operação Arca de Noé, desencadeada pela Justiça e Polícia Federal, deflagrada no final de 2001, deu inicio à desarticulação do "império" criado por João Arcanjo. Conhecido na época como "Comendador", em função da outorga de um título por parte da Câmara Municipal de Cuiabá, ela era detentor de um poder paralelo no Estado, com grande potencial econômico, além de exercer forte influência na sociedade.

Arcanjo foi preso em 2001, em Montividéu, capital do Uruguai. Ele acumula, até agora, 24 anos e quatro meses de condenação por crimes de sonegação fiscal, contra o sistema financeiro, evasão de divisas, formação de quadrilha, contrabando, contravenção e posse ilegal de arma. Atualmente, ele está preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande (MS).

Ação exemplar

Julier Sebastião avaliou a Operação Arca de Noé, que é considerada por muitos como o maior feito da Justiça Federal no Estado, como "uma ação exemplar", por parte dos órgãos envolvidos, na repressão ao crime organizado. "Em uma avaliação básica, posso afirmar que essa ação foi exemplar. Hoje, o Estado é completamente diferente daquele Mato Grosso que existia antes da intervenção especifica contra o crime organizado", afirmou.

O juiz federal ainda salientou a mudança nas características da criminalidade no Estado, apontando que a preocupação na Segurança Pública passou a ser outra. Agora, voltada a questões de criminalidade urbana e a violência decorrente de convivência humana. "Na época, a preocupação era a de salvar vidas, combatendo diretamente a criminalidade organizada, aquela que matava pessoas nas vias públicas, tinha bandos que financiavam o poder político e assim por diante", relembrou.

Questionado se o Estado estaria, de certa forma, "imune" de organização criminosas, o juiz disse acreditar que, no mesmo estilo da comandada por João Arcanjo, não impera mais no Estado. "A criminalidade moderna é presente em todo mundo. Hoje, aqui no estado, especificamente, do ponto de vista da criminalidade organizada, essa do estilo mafioso, de ligações nacionais e internacionais, já é um aspecto, basicamente, encerrado", considerou.

Avanços

Julier citou avanços na Segurança pública, ao apontar que atos ilegais, que antes faziam parte do cotidiano das pessoas mato-grossenses, já não estão mais presentes no dia-a-dia, pelo menos, na mesma freqüência.

"Não temos mais cassinos a céu aberto, jogatinas, mortes de aluguel, decorrentes dessas atividades. As factorings, que na Era Arcanjo foram uma espécie de exemplo do poder criminoso, agora, operam dentro da legalidade, em sua grande maioria. Quer dizer, due-se outra dinâmica à questão da Segurança no Estado", completou.





Fonte: Midia News

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