Empate com o Grêmio garante o Cruzeiro na final da Libertadores
No ano do bicampeonato, por coincidência, o Cruzeiro também eliminou o Tricolor Gaúcho durante a campanha. Só que foi nas quartas-de-final. Na ocasião, o técnico celeste era Paulo Autuori, agora no clube gaúcho. Outra curiosidade é que Wellington Paulista, autor dos dois gols mineiros, esteve para se transferir para o Olímpico. Depois de estar bem perto de assinar, no entanto, ele optou pela Toca.
A presença de um time brasileiro na decisão da Libertadores tem se tornado praxe nos últimos anos. Desde 2005 é assim. Naquele ano, o campeão São Paulo venceu o também brasileiro Atlético-PR. No ano seguinte, o time do Morumbi perdeu do compatriota Internacional. Em 2007, o Grêmio foi vice do Boca Juniors, feito repetido pelo Fluminense, derrotado pela LDU ano passado.
Torcedores do Grêmio protagonizam cenas lamentáveis
Os pontos negativos da partida desta noite foram a confusão entre torcedores que tinham ingressos, mas não conseguiram entrar, com a Brigada Militar, e a lamentável atitude de alguns torcedores do Tricolor, que imitaram som e fizeram gestos de macaco quando Elicarlos substituiu Gerson Magrão no Cruzeiro. No jogo da semana passada, o jogador acusou Maxi López de racismo, e o caso foi até parar na delegacia - o atacante argentino teria chamado o volante de macaco durante a partida.
A torcida da Raposa também provocou no fim do primeiro tempo, mas com bom humor. Localizados atrás de um dos gols, os cruzeirenses imitaram a tradicional avalanche que os tricolores costumam fazer atrás do gol oposto quando seu time balança as redes adversárias. Naquele momento, a partida já estava 2 a 0 para o clube mineiro.
Antes da primeira partida contra o Estudiantes, na Argentina, o Cruzeiro volta a jogar pelo Campeonato Brasileiro, no próximo domingo, às 16h, contra o Goiás, fora de casa. O time celeste é o nono colocado no Nacional, com dez pontos. No mesmo dia e horário, o Grêmio, por sua vez, joga em casa, diante do Atlético-PR. O Tricolor tem nove pontos, em 14º lugar.
Pressão do Grêmio para na eficiência celeste
A torcida do Grêmio fez a sua parte. Lotou o estádio Olímpico, cantou efusivamente antes do jogo e explodiu de emoção com a entrada do time em campo. Contagiados por esse clima, os jogadores tricolores foram para cima do Cruzeiro logo no primeiro minuto. Fábio Santos cruzou para Herrera cabecear. Mas o argentino fez falta.
Por um momento, a equipe mineira se perdeu em campo, assustada com o ímpeto ofensivo dos gaúchos. Aos quatro minutos, por exemplo, Ramires deu passe errado no meio-campo e colocou Souza em ótima condição. O goleiro Fábio, porém, foi mais esperto e saiu do gol com os pés para afastar o perigo.
O Cruzeiro parecia cada vez mais nervoso, e aos 11 minutos um novo erro celeste permitiu uma boa jogada de ataque do Grêmio. Wagner perdeu a bola no meio-campo e Souza lançou Maxi López, que avançou no contra-ataque, se livrou de um marcador e chutou por cima do gol defendido por Fábio.
Dos 19 aos 23 minutos, a pressão gremista foi intensa, sufocante. Tudo começou com Souza. O meia cobrou falta para área e a zaga da Raposa afastou. Na cobrança do escanteio, Herrera acabou ficando com sobra e chutando da pequena área. A defesa novamente salvou. Tcheco então cruzou para Maxi López cabecear rente ao travessão.
O último lance de perigo desse bom momento gaúcho foi aos 23. Herrera fez ótimo lançamento para Tcheco na esquerda, e o meia cruzou para Fábio Santos, mas o lateral chutou mal, por cima do gol. Aos 28, muita reclamação. Leonardo Silva agarrou Herrera na grande área, pênalti que o colombiano Oscar Ruiz nada marcou.
Seria a chance de o Grêmio iniciar a sua reação, porque o Cruzeiro seria fatal logo em seguida. Após conseguir esfriar o jogo do adversário, a equipe mineira conseguiu abrir o placar em ótima jogada de Kléber. O atacante recebeu de Jonathan após lateral e cruzou para Wellington Paulista marcar aos 34.
O próprio Wellington Paulista foi o responsável por melhorar ainda mais a condição do time mineiro na partida. E apenas dois minutos depois. Depois de cruzamento de Jonathan da direita, o atacante aproveitou vacilo da defesa tricolor e, em posição legal, cabeceou sem chances para o goleiro Victor. A partir daí, o Grêmio precisaria de cinco gols.
Quarenta e cinco minutos finais de um jogo decidido
A necessidade de fazer cinco gols no segundo tempo deixou os gremistas nervosos em campo. Cada troca de passes envolvente do Cruzeiro era interrompida por uma falta. Equilibrado e tranquilo, o time de Adilson Batista não se abateu nem com a perda do seu melhor zagueiro. Antes dos cinco minutos, Leonardo Silva machucou o tornozelo esquerdo e não conseguiu voltar. Anderson, único defensor à disposição no banco, o substituiu.
A torcida tricolor percebeu que o time só encontraria um rumo se recebesse apoio. E foi o que aconteceu. Aos sete, Herrera recebeu lançamento na ponta direita, invadiu a área em velocidade e bateu cruzado. Fábio defendeu com um tapa e desviou pela linha de fundo. A partir deste lance o Grêmio viu na bola aérea o caminho mais curto para tentar um virada histórica. O começo foi bom. Tcheco cobrou escanteio, Réver subiu no meio da zaga adversária e acertou o canto esquerdo de Fábio, aos nove. A avalanche voltou a ganhar força na geral do estádio Olímpico: 2 a 1.
O gol dos donos da casa trouxe ânimo, mas como a pressão não se transformou em bola na rede, a vontade passou da conta. Aos 14, Wagner puxava contra-ataque perigoso e foi violentamente atingido pelo volante Adilson. O jogador recebeu cartão vermelho direto de Oscar Ruiz, deixando o campo batendo no peito e aplaudido pela torcida.
Com um homem a menos, o Grêmio parou de atacar por pelo menos dez minutos e permitiu que o adversário tocasse a bola e fizesse o tempo passar. Adilson Batista promoveu alterações. Sacou Gerson Magrão para a entrada do volante Elicarlos, enquanto Wellington Paulista deu lugar a Thiago Ribeiro.
O Imortal não desistiu de buscar um milagre. Aos 29, Fábio Santos recebeu na entrada da área, teve a chance de chutar, mas preferiu tocar para Souza. O camisa 8 dominou, olhou o posicionamento de Fábio e acertou o canto esquerdo do goleiro: 2 a 2 com direito a golaço e Olímpico em chamas. Mas não foi suficiente. Além de um forte Cruzeiro, os gaúchos tinham o relógio como adversário impiedoso. A cor do Brasil na final da Libertadores é o azul celeste.
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