Ipea: Pobre reserva 32% da renda para impostos enquanto rico gasta 22%
O valor total dos impostos, taxas e contribuições pagos pelos brasileiros aumentou no ano passado e o maior peso continua sobre a parcela mais pobre da população, aponta estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta terça-feira.
Os 10% mais pobres da população brasileira destinam 32,8% da renda para pagar tributos. Já os 10% mais ricos destinam 22,7% dela, revelam os dados.
O levantamento observa ainda que as famílias com renda de até dois salários-mínimos pagam 48,8% da renda em tributos; aquelas com renda acima de 30, empenham cerca de 26,3% da renda.
Dividida ao longo do ano, o peso dos impostos equivale a, em média, a 132 dias trabalhados no ano passado.
Traduzindo as porcentagens em dias de trabalho, pode-se concluir que, dos cidadãos mais pobres, foram exigidos 197 dias para arcar com os tributos. Dos mais ricos, 106 dias --três meses a menos.
O Ipea condena essa regressividade. "O sistema tributário deve buscar a progressividade --tributar mais os ricos do que os pobres", afirma a equipe de analistas.
Carga tributária mais pesada
Usando como base dados do IBGE e da Secretaria do Tesouro Nacional, a estimativa do Ipea para a carga tributária em 2008 é de 36,2% do PIB (produto interno bruto, soma de todas as riquezas produzidas pelo país).
Cinco anos antes, em 2004, a parcela era de 32,8%, um aumento de 3,4 pontos percentuais, ou cerca de 10% no período.
Comentários