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Internacional
Terça - 30 de Junho de 2009 às 14:50

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Mais de seis anos depois de invadir o Iraque sob o pretexto de encontrar armas de destruição em massa, as tropas americanas começam a deixar as cidades ocupadas nesta terça-feira. A partir de agora, a segurança interna passa a ser responsabilidade dos iraquianos, em um passo crucial para a retirada total, prevista para 2011. A partir desta terça, Terra passa a publicar uma série de matérias sobre o conflito e a desocupação do Iraque.

O governo iraquiano decretou o dia 30 de junho feriado para celebrar a retomada do controle da segurança pelas forças nacionais. Apesar do recente aumento no número de atentados - mais de 200 pessoas foram mortas este mês -, depois de um período de relativa tranqüilidade, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, se apressou em tranquilizar a população, afirmando que as forças de segurança do Iraque estão prontas para proteger o país e pedindo que qualquer ataque fosse imediatamente informado ao exército ou à polícia.

As tropas americanas e de outros países aliados foram enviadas ao Iraque em 20 de março de 2003 por decisão do presidente George W. Bush. Alegando que que o país então governdao por Saddam Hussein possuia armas de destruição em massa que representavam um risco especialmente para os EUA, ainda abalados pelos atentados de 11 de tembro de 2001, Bush decidiu invadir o Iraque, mesmo sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU. Ele recebeu o apoio dos então chefes de Estado Silvio Berlusconi (Itália), José María Aznar (Espanha), Durão Barroso (Portugal) e Tony Blair (Reino Unido).

Cerca de um ano após a invasão, sem encontrar as mencionadas armas de destruição em massa, Bush mudou seu discurso e passou a afirmar que a ocupação fazia parte de um plano para libertar o país e garantir a democracia e a paz mundial.

Invasão

Em 20 de março de 2003, as tropas americanas começaram a bombardear Bagdá com mísseis Tomahawk, na tentativa de atingir seu principal alvo, o presidente Saddan Hussein, deposto menos de um mês depois. A partir de 9 de abril, o presidente tornou-se um fugitivo, enquanto seus aliados tentavam resistir à ocupação. A estátua de Saddam erguida na capital do país chegou a ser derrubada, em um gesto simbólico com a finalidade de demonstrar sua queda.

No mês seguinte, a ONU retirou as sanções contra o Iraque com apenas um voto negativo, da Síria, único país árabe do conselho. Ainda em maio, Paul Bremer, então responsável pela administração do país, desmontou o sistema ministerial e o exército. Em julho, dois filhos de Saddam foram mortos pelas tropas americanas, em Mossul. Menos de um mês depois, uma bomba destruiu o quartel-general das Nações Unidas em Bagdá. No ataque, morreu o brasileiro Sérgio Vieira de Melo, chefe da missão da ONU no país.

Prisão de Saddam

Em dezembro de 2003, os EUA capturaram Saddam Hussein, que não ofereceu qualquer resistência aos militares. O ex-governante foi encontrado em um buraco próximo à cidade de Tikrit. Em abril do ano seguinte foi estabelecido um tribunal para julgar Saddam e outros membros de seu governo.

Ainda em abril, foram divulgadas uma série de fotografias de abusos cometidos por soldados americanos contra presos de Abu Ghraib. O escândalo tornou-se um dos maiores do governo Bush. No mês seguinte, rebeldes seqüestraram e decapitaram um civil americano em uma espécie de represália.

Entre maio e junho, uma série de integrantes do Conselho de Governo foram assassinados, entre eles, o líder do Conselho Iraquiano, Izzedim Salim, morto em 17 de maio. O Conselho de Governo foi dissolvido e substituído por um governo interino. Em julho, Saddam fez sua primeira aparição pública em um tribunal, onde fez questão de ser tratado como "presidente do Iraque".

Eleições e violência

Em janeiro de 2005, milhares de iraquianos foram às urnas eleger uma assembléia de transição. A eleição foi a primeira com vários partidos em meio século. Em abril, Jalal Talabani tomou posse como presidente interino. Em agosto, o anúncio de um possível atentado durante uma procissão xiita deixou quase mil mortos, grande parte deles pisoteados.

Entre 2005 e 2006, o país passou pelo período mais violento desde a invasão americana. Um atentado contra a mesquita de Samarra, sagrada para os muçulmanos xiitas, deu início a uma série de ataques que dividiram o país e o deixaram às margens de uma guerra civil.

Cai apoio; aliados diminuem tropas

Em março de 2006 as tropas britânicas anunciaram que reduziriam o número de soldados no Iraque de 7 mil para 800. A medida britânica foi reflexo de uma série de questionamentos dos aliados sobre o apoio aos EUA. Em abril, o curdo Talabani convidou o xiita Nuri al Maliki para integrar o governo, na tentativa de reduzir a violência sectária.

Em junho, Abu Musab AL-Zarqawi, considerado o líder da Al-Qaeda no país, foi assassinado em um ataque aéreo. Três meses depois, os iraquianos começaram a reassumir os controles aéreo e marítimo.

Enforcamento de Saddam

Em novembro, Saddam foi condenado à morte e enforcado em 31 de dezembro. Em janeiro de 2007, Bush anunciou que aumentaria o número de soldados no Iraque. Em março foi aprovado o envio de mais 2,2 mil homens ao país. Em setembro, o presidente americano fez uma visita surpresa ao Iraque e levantou, pela primeira vez, a possibilidade de reduzir as tropas americanas no país. O comandante das forças dos EUA no Iraque, general David Petraeus, recomendou diminuir em mais de 20 mil o número de soldados no país até meados de 2008.

Em dezembro, o Reino Unido entregou às forças iraquianas a segurança da província de Basra. Em janeiro do ano seguinte, o Parlamento iraquiano aprovou uma lei permitindo que milhares de ex-membros do Partido Baath, de Saddam Hussein, regressassem a seus cargos no funcionalismo público.

Acordo de retirada

Em fevereiro de 2008, a presidência aprovou a execução de Ali Hassan al Majeed, conhecido como "Ali Químico", primo e um dos aliados mais próximos de Saddam. O número de atentado diminui consideravelmente em comparação a 2006 e 2007. Em novembro, EUA e Iraque assinam um acordo que prevê a retirada total das tropas americanas até o fim de 2011.

Em maio deste ano, o país registrou o menor número de mortes violentas desde o início da invasão americana, em junho, no entanto, os atentados voltaram a ser mais frequentes.

A partir de hoje, além de transferir para as forças iraquianas suas bases urbanas, o exército americano prometeu doar 8,5 mil veículos militares Humvee - 5 mil já foram entregues, segundo o general Ray Odierno, máxima autoridade militar dos EUA no Iraque.

Além disso, libertarão ou deixarão sob custódia iraquiana os cerca de 11 mil prisioneiros mantidos em penitenciárias americanas. De acordo com o cronograma de retirada aprovados pelos EUA, a última delas deverá ser fechada em agosto de 2010.

Amanhã, o Terra publica entrevista exclusiva com representante do Pentágono que aborda o conflito no Iraque e a estratégia americana para a saída dos soldados da coalizão do país.





Fonte: Redação Terra

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