A Mitsubishi revelou a versão 2014 do crossover ASX, que chega às lojas da empresa no início de julho. Apesar de manter praticamente o mesmo conjunto do modelo anterior, a grande novidade para os consumidores é o início de sua produção nacional na fábrica de Catalão (GO), que resultou em leve queda nos preços (veja diferenças na lista abaixo).
Antecipando sua chegada ao mercado, o G1 rodou com o carro, na versão top de linha, por percurso de 100 km, em estradas de asfalto e terra, em região próxima à área onde a empresa é instalada.
O novo ASX parte de R$ 83.490, na opção de câmbio manual e tração 4x2. Ainda com tração na dianteira, recebendo o câmbio automático do tipo CVT, sobe para R$ 89.490 e o top de linha, com AWD e câmbio automático, custa R$ 99.990. Além desses itens, o ASX mais caro ainda traz diferenças de acabamento, como banco de couro com ajustes elétricos e aquecimento.
Veja todos os valores do ASX 2014:
ASX MT 4x2 - R$ 83.490 (R$ 84.490, na versão 2013)
ASX CVT 4x2 - R$ 89.490 (R$ 90.490, versão 2013)
ASX CVT AWD - R$ 99.990 (R$ 101.490, versão 2013)
ASX CVT AWD + Sky window + farol de xenônio - R$ 105.990 (R$ 107.490, 2013)
Apesar de os dispositivos EBD, que gerencia a distribuição de frenagem nas rodas, e freios ABS apareceram em todas as versões, airbags e controle de estabilidade são restritos ao ASX AWD. Como opcionais, o AWD traz o Sky window, aquele teto de vidro com cortina que se abre, e faróis de xenônio - o pacote com os dois elementos custa R$ 6.000.
Entre as poucas alterações do modelo 2014, estão ajustes de suspensão, amortecedores e molas, além de passar a utilizar novos pneus e rodas de 18 polegadas – a versão importada contava com rodas de 17 polegadas. O motor 2.0 de quatro cilindros e 160 cavalos do modelo também é produzido em Catalão, inaugurando a fábrica de motores da empresa no local, e equipa todas versões.
“Este é o primeiro motor da Mitsubishi a ser produzido fora do Japão”, Robert Rittscher, presidente da Mitsubishi Motors do Brasil, que é representada pelo grupo Souza Ramos no país (o mesmo da divisão de carros da Suzuki). O ASX avaliado traz câmbio automático do tipo CVT, com “borboletas”, e tração 4x4, com possibilidade de rodar com a 4x2; ainda há a opção LOCK para pisos mais irregulares.
De acordo com a empresa, o poduto conta atualmente com 67% de nacionalização, com o restante dos componentes advindos do Japão. Em breve, a fabricante espera alcançar 80% de componetes brasileiros no modelo.
Para aumentar a segurança do veículo são nove airbags: dois frontais para motorista e passageiro, dois nas laterais, quatro de cortina e um de joelho. O ASX AWD também traz Hill Assist, que impede o veículo de andar para traz em rampas. Durante o lançamento do ASX nacional, a Mitsubishi anunciou que o Lancer será o próximo produto a ser produzido em Catalão.
Pista de testes
Antes de sair com o novo ASX para a estrada, a avaliação passou pela pista de testes da Mitisubishi, que é utilizada para checar os veículos recém-saídos das linhas de montagem. A oportunidade foi interessante para levar o carro ao limite em curvas e frenagem. Em um “cotovelo” do traçado, o controle de estabilidade do crossover entrou em ação, impedindo perder o rumo mesmo em altas velocidades.
No momento em que a traseira começou a derrapar o sistema entrou em ação cortando a aceleração - a atuação ocorreu de forma leve, sem prejudicar a dirigibilidade. Passando para o teste de frenagem, o dispositivo mostrou estar bem calibrado, mesmo em situação crítica. A 120 km/h o pedal foi acionado, quando cada lado do veículo estava sobre um piso diferente, um em cima do asfalto e outro rodando em placa metálica.
Mesmo assim, garças ao ABS, o ASX não perdeu o controle e parou com eficiência. Ainda na pista foi possível chegar a cerca de 180 km/h, registrado no painel, e o crossover manteve a estabilidade, sem transparecer sua alta velocidade.
Acabamento simples
Antes de partir para a estrada houve uma parada para ajustar novamente a ergonomia do ASX. Os comandos elétricos nos bancos da frente são de fácil acesso e trazem praticidade; aquecimento para os assento do motorista também estão presentes. Além disso, o volante possui regulagens de profundidade e horizontalmente, permitindo encaixar tudo ao gosto de quem guia o carro.
O volante, que garante boa pegada, possibilita interação com o sistema de entretenimento e também o acionamento do piloto automático. Sobre o aparelhode multimídia, ele traz uma tela sensível ao toque. Apesar de interessante, a sensibilidade não é muito eficaz e, às vezes, são necessárias algumas tentativas. Para ligar o carro, basta a presença da chave para dar um toque no botão de ignição.
No geral o acabamento do ASX é bem simples, mesmo não sendo ruim. No interior, é predominante a existência de plásticos e faltam detalhes especiais para um carro que pode chegar a custar quase R$ 100 mil. As saídas de ar, por exemplo, lembram os de carros de níveis inferiores.
Conforto na estrada
Passando ao deslocamento na estrada, o ASX mostrou seus melhores atributos. Confortável, o veículo não deixa transparecer os sons de atrito dos pneus do carros com o asfalto e tampouco muito do som do motor. Ao passar por alguns trechos de asfalto ruim, os amortecedores mostraram maciez e na autoestrada mantiveram o veículo estável.
O motor garante força para manter velocidade de cruzeiro e, auxiliado por seu sistema de controle automático, possibilita longas viagens com bastante comodidade. Com quatro cilindros e 16 válvulas, o propulsor de 1.998 cilindradas tem bom funcionamento, mas se torna opaco pela combinação com o câmbio automático do tipo CVT.
Este sistema que faz “trocas infinitas de marchas” não trazem o vigor esperado pelo visual esportivo do ASX e a tradição “racing” da Mitsubishi. Com a ajuda das borboletas atrás do volante, o usuário pode forçar o motor a escolher faixas de rotações programadas, melhorando o desempenho.
Em partes, essa falta de força é minimizada pelo peso do ASX, 1.345 kg declarados, o que rende 8,4 kg/cv. De acordo com a empresa, esta é a melhor relação peso/potência da categoria.
Emoção na terra
Durante o percurso no asfalto foi possível desviar por um trecho de terra, com cerca de seis km. Neste solo, o funcionamento dos sistemas eletrônicos ficaram mais nítidos, evitando que o veículo perdesse o controle durante alguns abusos. Em subidas, o dispositivo Hill Assist, aquele que não deixa o carro descer para trás quando se para em subidas, mostrou-se eficaz.
Como o terreno era bem irregular, o ASX chegou a dar alguns “saltinhos” e as suspensões aguentaram bem o impacto. De acordo com a Mitusbishi, as alterações feitas nos amortecedores do crossover foram baseadas na da L200 Triton, que possui notável desempenho off-road.
À medida que a buraqueira aumenta, o ideal é acionar o sistema de tração 4x4, com a facilidade de um toque no botão localizado no console central. Com o AWD (All Wheel Drive) acionado, aderência ao solo e tração melhoram notavelmente - ainda há o sistema LOCK para trajetos off-road mais difíceis.
No asfalto, a não ser em piso escorregadio, o indicado é deixar a penas o 4x2 funcionando, pois será mais econômico o consumo de combustível.
Versatilidade
O ASX não é daqueles carros desengonçados. Suas linhas, apesar de se manterem as mesmas no Brasil desde sua chegada em 2010, ainda trazem modernidade e revelam semelhanças com o Lancer. Este lado minimalista também rendeu um espaço reduzido para o porta-malas e, quem se senta nas extremidades do assento traseiro, pode sofrer com a limitação do teto.
No entanto, para os passageiros, assim como o motorista, existe bastante espaço para as pernas. Mesmo com alguns deslizes, o ASX é boa opção para quem busca um veículo versátil. Os usuários que procuram um carro robusto e confortável, com uma pitada de aventura no meia, podem encontrar neste Mitsubishi o que desejam.
Apesar de não ser considerado compacto, a ASX também não pode ser classificado como um "trambolho" e tem caraterísticas que reúnem bons comportamentos na estrada, cidade e terra. Com o início da produção do crossover no Brasil a empresa espera alavancar as vendas.
Seu objetivo é passar de 800 unidades por mês, média dos seis primeiros meses do ano, para 1.100 por mês no restante de de 2013. Para 2014 os planos são ainda mais ambiciosos, chegando a 1.300 unidades/mensal. No entanto, não será os novos preços o principal atrativo, já que as reduções em cada versão ficaram próximo a R$ 1 mil.
A nacionalização do ASX é fruto do programa chamado pela Mitsubishi de Anhanguera II, que prevê o investimento de R$ 1,1 bilhão na fábrica da empresa em Catalão até 2015. Entre as próximas novidades da estrutura está a inauguração de nova área para a pintura que, segundo a empresa, aumentará a capacidade de produção de 60 mil unidades por ano para 132 mil unidades.
Comentários