Investimentos devem retomar nível no final do ano, aponta FGV
O volume de investimento no Brasil deve voltar a ter níveis ao menos semelhantes em relação ao ano anterior no quatro trimestre deste ano ou no primeiro trimestre de 2010, apontou nesta terça-feira o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), Aloísio Campelo Junior.
Para ele, a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) --meio pelo qual o investimento é medido dentro do cálculo do PIB (Produto Interno Bruto)-- já chegou ao fundo do poço no primeiro trimestre deste ano, quando recuou 14% na comparação com o mesmo período de 2008.
"Talvez já tenhamos chegado ao fundo do poço. A FBCF deve vir negativa no segundo e no terceiro trimestres, e próximo do zero no quarto trimestre ou no primeiro trimestre de 2010", disse Campelo. "Na comparação com o trimestre imediatamente anterior já deve ter um número positivo agora [no segundo trimestre]."
Dois dados --o ICI (Índice de Confiança da Indústria) e o percentual médio de crescimento do volume de investimentos captado na Sondagem de Investimentos da Indústria, divulgado hoje pela FGV-- são os itens em que Campelo baseia sua crença.
O ICI teve em maio o quinto mês seguido de alta --mostrando que as indústrias já notaram que o pior da crise já passou-- enquanto que a Sondagem de Investimentos apontou uma expansão média prevista de 7,8% no valor dos investimentos ante o volume do ano passado.
"Apesar da desaceleração [sobre 2008, quando a expansão do valor dos investimentos foi de 16%], acho que se trata de um dado positivo. Como o investimento caiu no primeiro trimestre, está implícito [no crescimento de 2009] que haverá uma recuperação nos próximos trimestres", disse Campelo.
Paralisia
Enquanto essa recuperação não aparece, alguns setores apresentam seus piores níveis de investimento em anos, fazendo com que o índice de empresas que disseram não ter programa de investimentos para 2009 passasse de 14% em 2008 para 26% agora.
A situação parece particularmente ruim nas empresas de minerais não-metálicos, celulose e papel e têxtil, onde os índices chegam próximo dos 50%.
Em todos os setores houve aumento no volume de empresas que não preveem investimentos neste ano. O crescimento mais notável foi em Produtos Intermediários, onde passou de 16% em 2008 para 35% em 2009. O mesmo ocorreu, embora com menor intensidade, em Materiais de Construção (de 22% para 33%), Bens de Capital (de 14% para 25%) e em Bens de Consumo (de 18% para 25%).
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