Brasil será sede de próxima cúpula dos BRICs, em 2010
Os líderes dos quatro países emergentes reunidos na sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) concluíram sua primeira cúpula, em Ecaterimburgo, na Rússia, prometendo uma maior cooperação em diferentes áreas e com o anúncio de que o Brasil sediará o próximo encontro do grupo, em 2010.
A segunda cúpula, ainda sem data, é reflexo de um avanço na formalização do grupo. Estão previstos ainda encontros entre ministros de áreas como Fazenda e também de integrantes dos bancos centrais.
O documento final deixa claro também que os BRICs, como grupo, apóiam as aspirações da Índia e do Brasil de desempenhar um papel maior na Organização das Nações Unidas (ONU).
"Quanto maior for nossa cooperação, mais fortes seremos", disse o presidente russo Dmitri Medvedev. "Queremos uma ordem mundial justa", acrescentou, durante a declaração final à imprensa.
Apesar dessa maior cooperação entre os quatro, os líderes deixam claro, na declaração conjunta, o papel principal que deve ser desempenhado pelo G20 em meio à atual crise e não deixam dúvidas sobre a ambição de que sejam feitas reformas nas instituições financeiras que deem mais voz aos países emergentes e em desenvolvimento.
"As economias emergentes e em desenvolvimento têm de ter mais voz e representação nas instituições financeiras internacionais e sua direção deve ser indicada através de um processo aberto, transparente e baseado no mérito."
Moeda
O tema que gerou mais polêmica às vésperas da reunião, a possível busca de uma alternativa ao dólar como moeda de reserva, ganhou uma menção vaga, sem referência específica ao dólar, no documento.
"Nós acreditamos que existe uma forte necessidade de um sistema monetário internacional estável, previsível e mais diversificado", diz o documento.
"Não foi mencionada um moeda comum ou uma nova moeda neste momento. Houve menções como ‘não podemos ficar sujeitos a flutuações de uma moeda de um único país', mas também compreensão de que essas coisas ocorrem muito gradualmente e que mudanças no sistema monetário, de maneira brusca, criariam outra crise. Mas isso foi parte indireta da discussão", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante uma coletiva.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por outro lado, mencionou, segundo Amorim, o comércio bilateral entre Brasil e Argentina, feito nas moedas locais.
A iniciativa representa apenas 5% do comércio entre os parceiros de Mercosul, mas o Brasil tem interesse em adotar iniciativas semelhantes no comércio com os outros parceiros do grupo.
"Isso poderá ser discutido em uma reunião como esta de ministros de Economia e Comércio", disse Amorim.
O presidente brasileiro sugeriu ainda a criação de um conselho empresarial dos BRICs.
Em uma declaração separada, o grupo destacou que as flutuações no preço global dos alimentos, aliadas à crise financeira, estão ameaçando a segurança alimentar.
No documento, eles destacam que é importante analisar os desafios e oportunidades apresentadas pela produção de biocombustíveis e seu uso não apenas sob o ponto vista da segurança alimentar, como também da segurança energética e desenvolvimento sustentável.
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