Crise 'reduziu interesse de investidores pelos BRICs', diz pesquisa
Uma pesquisa de opinião da consultoria Ernst & Young indica que a crise afetou negativamente o interesse de investidores pelos chamados BRICs - Brasil, Rússia, Índia e China.
Segundo o estudo, que ouviu 809 representantes de empresas em fevereiro deste ano, as incertezas da economia global causaram uma "mudança temporária de humor" que beneficia mercados mais familiares, sobretudo na Europa.
Porém, em um horizonte mais duradouro, os BRICs emergem novamente como destino de investimento, indica a pesquisa.
A pesquisa foi conduzida entre líderes corporativos de diversas origens, mas com forte orientação europeia. Quase 90% das empresas ouvidas têm operações na Europa, sendo que 57% são de fato europeias.
"Ainda que a economia global não seja mais dirigida pelo triunvirato Europa - Estados Unidos - Japão, os investidores estrangeiros estão demonstrando uma surpreendente confiança com o ambiente europeu", disse um dos coordenadores da pesquisa, Marc Lhermitte.
"Hoje, os empresários estão mais focados em sobreviver à crise e maximizar o retorno nos ativos existentes", acrescentou. "Entrar e operar em novos mercados pode oferecer oportunidades tremendas, mas também cria riscos que os líderes dizem não poder suportar nesse momento."
Curto e médio prazo
De acordo com a Ernst & Young, a aversão ao risco é o que explicou a eleição da Europa como a região mais atraente para os investidores no curto prazo.
Como os entrevistados podiam apontar mais de uma opção, a Europa Ocidental recebeu 40% dos votos, enquanto a Europa Central e do Leste recebeu 39%.
Em seguida, na preferência dos investidores, vieram China (33%), América do Norte (25%), Índia (20%), Rússia (16%) e Brasil (12%).
No final da lista, vieram outras economias da Ásia (11%) e da América Latina (9%), Japão (6%) e Oriente Médio (6%).
2010
Perguntados sobre os prospectos para 2010 e a capacidade das regiões para superar a crise, no entanto, os investidores voltaram a mostrar confiança nas economias emergentes, especialmente nos BRICs.
Neste quesito, a China (70%) goza quase dos mesmos níveis de confiança que a Europa Ocidental (74%) e mais que a América do Norte (69%).
A Índia (63%) vem em seguida, e o Brasil (49%), praticamente empatado com a Rússia (48%) e com o Oriente Médio (48%), só aparece atrás da Europa Central e do Leste (61%), do Japão (61%) e da Oceania (51%).
"A China e a Índia estão melhor posicionadas que outras economias emergentes para uma recuperação rápida rumo ao crescimento econômico de dois dígitos", diz a pesquisa.
"Os dois BRICs remanescentes - Rússia e Brasil - têm desempenho inferior aos olhos dos investidores estrangeiros", escrevem os autores.
Enquanto a Rússia está vulnerável aos preços do petróleo e ainda se recupera das perdas de seu mercado financeiro, "o Brasil não está imune aos preços de commodities em queda e da crise financeira", acrescentam os responsáveis pela pesquisa.
Ainda assim, um outro autor do estudo, Mark Otty, expressou confiança na economia dos quatro emergentes mais comentados da economia mundial.
"A desaceleração econômica não vai evitar que o centro de gravidade da economia global caminhe do oeste para o leste, e do norte para o sul. As empresas têm razão de ainda crer em oportunidades nos mercados emergentes", afirmou.
"Um relatório recente da Ernst & Young destacou que Brasil, Rússia, Índia e China vão contribuir com 40% do crescimento econômico global entre 2009 e 2020", acrescentou Otty.
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