Protesto com 200 estudantes para campus da UFMT
Manifestação marca repúdio diante de denúncias de agressões contra alunos, paralisa trânsito e termina com carro depredado por alunos
Protesto de cerca de 200 estudantes universitários parou ontem, pela manhã, o trânsito dentro do campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá. A interdição durou duas horas e irritou motoristas. Um deles teve o pára-brisa do carro quebrado por um manifestante sob a alegação de que o condutor teria avançado em sua direção.
De acordo com o coordenador de Finanças do Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFMT), Thiago Barbosa, a manifestação foi desencadeada por pelo menos três motivos. Um deles foi a abordagem truculenta, supostamente sem qualquer explicação, por parte de seguranças terceirizados da universidade contra discentes na madrugada da última quarta-feira.
Um desses estudantes é o aluno do curso de Ciências Sociais João Batista Alves dos Santos. “Eram entre 4h30 e 5h da madrugada. Eles (segurança) simplesmente chegaram batendo. O clima na UFMT está super tenso porque para esses vigias, que andam armados e são completamente despreparados, todo mundo é bandido”, comentou.
Os manifestantes afirmam que há pelo menos outros 10 casos de agressão contra alunos da universidade. Por isso, eles prometem entrar com uma ação conjunta contra a instituição e a empresa terceirizada de segurança do campus.
Em nota, a UFMT informou que foi designado “o pró-reitor de Cultura, Extensão e Vivência para acompanhar os alunos denunciantes ao posto da Polícia Comunitária no bairro Boa Esperança, para o registro do Boletim de Ocorrência, e criou uma comissão de sindicância para apurar as responsabilidades. O responsável pela segurança na noite de 27 de maio foi afastado, preventivamente, para maior lisura do processo”. A nota diz ainda que uma comissão trabalha na elaboração de um plano geral de segurança do campus com vistas a aprimorar o sistema.
Outro motivo do protesto foi a adesão da UFMT, por meio de uma resolução ‘ad referendum’, à proposta já consolidada do Ministério da Educação (MEC) de unificar a partir deste ano o vestibular das universidades brasileiras com a utilização da prova do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a ser aplicado em outubro. Em meio aos protestos, a resolução foi homologada no final da tarde de ontem pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) – veja matéria abaixo.
“A unificação vai afunilar ainda mais o acesso à universidade, principalmente das pessoas carentes. Esse é um processo que precisa de uma discussão mais ampla”, pregava o estudante do curso de Geografia Daniel Bretas em meio às manifestações, durante a manhã.
Os acadêmicos também protestaram contra uma possível terceirização do Restaurante Universitário (RU). Segundo Bretas, no local almoçam em torno de 2.500 estudantes diariamente e pagam o preço de R$ 1 pela refeição. Eles acreditam que se o serviço for terceirizado, este valor irá subir. “O preço cobrado é subsidiado, mas dá para manter o RU. Além disso, há outras possibilidades, como criar hortas comunitárias”, aponta Bretas.
Ao mesmo tempo em que os estudantes cobravam a presença da reitora, Maria Lúcia Cavalli Neder, e a chamavam de arbitrária e antidemocrática, o protesto causava revolta e ganhava a antipatia das pessoas que ficaram presas no trânsito, inclusive, de outros alunos da universidade.
Muitos tentavam furar o bloqueio, passando por cima de galhos de árvores que foram colocados para impedir o tráfego, além de pneus que foram queimados. “Eles querem democracia, mas se esquecem que o direito de um não pode interferir no do outro”, reclamou a aluna do curso de Direito Cecília da Silva, que estava parada no congestionamento há uma hora.
Depois de duas horas de protesto, os manifestantes foram recebidos no início da tarde pela reitora. O motorista que teve o pára-brisa do carro quebrado não quis falar com a reportagem do Diário.
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