Trânsito consome até três horas do dia nas capitais, diz pesquisa
O dia parece ter duas horas a menos nas grandes cidades. É o que revela uma pesquisa sobre trânsito feita em quatro capitais. Em São Paulo, por exemplo, os motoristas e passageiros passam até três horas nos congestionamentos. Em Porto Alegre e em Belo Horizonte, a média é de uma hora. E no Rio de Janeiro, o trânsito encurta em duas horas o dia das pessoas que ficam ao volante.
“É como se o dia tivesse 22 horas”, indica pesquisador da Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, coordenadora da pesquisa. “Porque duas horas essa pessoas já entregaram para o congestionamento.”
Além disso, carros e ônibus viraram sala de estar e escritório. Motoristas e passageiros ouvem notícias, lêem jornais, estudam e até adiantam os negócios falando ao telefone celular, ignorando a proibição prevista pelo Código do Trânsito Brasileiro.
Em São Paulo, 53% dos entrevistados afirmaram que enfrentam o congestionamento três vezes por dia. No Rio (47%), Porto Alegre (53%) e Belo Horizonte (45%), as pessoas ficam presas no trânsito duas vezes por dia.
Atualmente, a frota de carros cresce mais rápido que o número de gente. De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), mais de 500 carros novos vão para as ruas no Brasil por hora. Neste mesmo período, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira aumenta em 15 pessoas.
Para o coordenador da pesquisa, o investimento em obras públicas precisa acompanhar o crescimento do trânsito. E o que a maioria está fazendo para escapar do congestionamento? De acordo com o levantamento, os cariocas são os que mais procuram alternativas. Desviar a rota foi a segunda opção de quatro em cada dez entrevistados nos quatro estados. Mas andar de transporte coletivo ou de carona poucos querem. De acordo com a pesquisa, mais de 50% das pessoas assumiram que não estão fazendo nada para acabar com os congestionamentos.
“Quase 70% das pessoas andam sozinhas no veículo”, diz o pesquisador. “Quem fica sozinho no carro está provocando congestionamento, porque poderia ter um acompanhante. Mas as pessoas não se sentem responsáveis pelos congestionamentos.”
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