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Nacional
Quinta - 28 de Maio de 2009 às 15:16

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O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) reclamou nesta quinta-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva da interferência de vários ministérios na política ambiental do governo. Irritado com a ação de colegas para liberar obras sem licenciamento ambiental, Minc disse que a postura dos ministros "não é aceitável" dentro do governo.

"Eu disse ao presidente que completei um ano no cargo, servi lealmente ao presidente, resolvi vários imbróglios, e que uma série de questões estavam tirando a sustentabilidade ambiental e a política do ministério. Vários ministros combinavam uma coisa aqui, depois iam lá no parlamento, cada um com sua machadinha, desfiguravam a legislação ambiental", afirmou.

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Segundo Minc, o presidente Lula classificou de "inaceitável" a postura dos ministros e prometeu chamá-los para dar explicações. "Ele disse que não dava direito a cada um, cada Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] da vida ir atrás de um deputado para desfazer o que tinha combinado aqui", disse Minc.

O ministro afirmou que conversou "olho no olho" com Lula para apresentar as suas reclamações. As queixas de Minc foram direcionadas, especialmente, aos ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Alfredo Nascimento (Transportes) --que teriam pressionado o Congresso a aprovar obras sem o licenciamento ambiental.

Apesar das reclamações, Minc descartou pedir demissão do cargo. "Eu não condicionei a permanência no governo a absolutamente nada. A conversa com o presidente foi uma conversa a sós, tête-à-tête, olho no olho. Eu falei para o presidente que a área ambiental estava sendo muito agredida no parlamento, na sociedade, desfigurando projetos ambientais sobre estradas, sobre licenciamentos, sobre a própria questão da regularização fundiária, sobre o código florestal."

Bate-boca

Pelo segundo dia consecutivo, Minc faz reclamações a respeito da interferência do Congresso em decisões do Ministério do Meio Ambiente. Nesta quarta-feira, o ministro trocou acusações com a bancada ruralista do Congresso depois de classificar os parlamentares de "vigaristas" ao criticarem a agricultura familiar sustentável.

O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), disse que Minc é "irresponsável e não tem estatura" para dialogar com o setor rural. "Ele deve tratar assim quem ele convive bem, que é com o narcotráfico dos morros do Rio de Janeiro", reagiu o democrata.

Em resposta, Minc divulgou nota oficial na qual afirmou que ficou "completamente estarrecido com a virulência e o baixo nível" das palavras usadas pelo líder democrata. Nesta quinta-feira, Minc minimizou a polêmica com a bancada ruralista. "Eu fui mal interpretado por alguns parlamentares e fui ofendido por eles, mas como estou acostumado com embate parlamentar. Se xingou ou não xingou, não quero discutir isso politicamente."

Na opinião do ministro, "os setores do agronegócio estão reagindo porque para eles era muito cômodo ter uma frente da agricultura, todos unidos contra o meio ambiente". "Nós rompemos isso ao fazer uma aliança com a agricultura familiar", afirmou.





Fonte: Folha Online

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