Sonho mixtense
Não acompanhei o tempo áureo do futebol mato-grossense. Apenas ouço as pessoas falarem. Meu avô, Gonçalo de Arruda e Sá, foi tri-campeão mato-grossense com o Mixto, ainda na década de 60. Não acompanhei, mas sempre sonhei.
Meu avô sempre me contou sobre o sentimento que era jogar pelo Mixto, com o estádio Dutrinha lotado. “A torcida enchia o estádio, o Dutrinha ficava lotado, e era difícil segurar o time”, ele costuma falar.
Pois bem, no último domingo (24), em um amistoso contra o Palmeiras do Porto, a torcida mixtense deu espetáculo! Nada menos que 3.500 pessoas foi ao estádio, às 10 horas da manhã, com bandeiras enormes da boca suja, entusiasmo e fogos de artifício.
Não fui, é verdade. Achei que fosse mais um jogo-treino. Porém quando falei com meu amigo Rodivaldo Ribeiro, e ele me contou o número de gente que estava presente no Dutrinha, pensei comigo mesmo, me arrependi. “Será que eu perdi a grande chance de participar dos meus sonhos de menino?”, me perguntei durante o domingo todo. Espero que não.
Acredito fielmente que eu vou ver o estádio lotado durante todas as partidas do Mixto na Série C. Quero chegar na casa do meu avô e contar para ele todos os detalhes de um jogo bonito de se ver e de uma torcida espetacular, do mesmo jeito que ele me contava. Acho difícil ele ir ao estádio assistir alguma partida devido a sua idade avançada. Mas quero ver nos seus olhos o mesmo brilho dos meus, quando era criança e ele me contava as mesmas histórias.
Para tudo isto acontecer, a assessoria jurídica do Mixto terá que trabalhar bastante durante esta semana para anular a suspensão de três mandos de jogos do alvinegro no Brasileiro. Se não conseguirem, quando o alvinegro voltar a jogar em Cuiabá, seria muito importante a mobilização da sociedade cuiabana nos jogos na Capital, para mais uma vez o cuiabano voltar a ter o costume de ir ao estádio nos domingos.
E assim, daqui a alguns anos, eu possa contar ao meu neto que eu vi os times mato-grossenses jogarem de igual para igual com todos os clubes do Brasil, o estádio ficava lotado, a festa era muito bonita...
*Humberto Frederico, jornalista em Cuiabá.
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