Gripe suína cresce no Japão mas não preocupa brasileiros
O número de casos de gripe suína continua crescendo no Japão, mas até agora a comunidade brasileira que vive no país não tem se preocupado com a doença. A falta de informações em português e o desconhecimento do idioma japonês contribuem para que os imigrantes continuem a levar uma vida tranquila no arquipélago. Até agora, 283 casos foram confirmados no Japão.
Para tentar conscientizar os imigrantes do perigo da doença e ensiná-los como se prevenir, organizações sem fins lucrativos e voluntários começaram a fazer campanhas educativas, com distribuição de panfletos e orientações por telefone.
"Outro dia um rapaz me perguntou por que todos estavam usando máscara", conta Lissa Kawamura, voluntária que mora em Osaka, um dos lugares mais afetados no Japão. "Quando contei que era por causa da gripe suína ele ficou assustado, pois não estava sabendo que havia tantos casos na cidade", lembra.
"A verdade é que os brasileiros não estão nem um pouco preocupados com essa doença", diz Hidekichi Hashimoto, presidente da organização sem fins lucrativos ABC Japan, de Kawasaki (Kanagawa), cidade que registrou os dois primeiros casos na região metropolitana de Tóquio.
"A preocupação principal do imigrante agora é se há trabalho e o que fazer se for despedido, mas a gente faz o que pode para divulgar as informações importantes", emenda Hashimoto.
A voluntária Lissa concorda com ele. "Mesmo se fosse um vírus muito letal, os brasileiros estariam agindo do mesmo jeito", lamenta.
'Sem tempo'
Neusa Martins Uemura, 49 anos, mora há apenas duas estações de onde vive a adolescente que trouxe o vírus para o subúrbio de Tóquio.
"Não tenho acompanhado as notícias sobre essa gripe, pois saio muito cedo de casa e só volto de noite", justifica a brasileira, que trabalha numa fábrica de vidros.
"Além disso, não entendo muito bem o idioma", diz Neusa. "Mas é claro que a gente acaba ficando preocupada", emenda, ao confessar que até agora não seguiu nenhum dos conselhos para se prevenir contra a doença. "Vou ver se uso a máscara pelo menos", lembra.
Tania Wada, 47, também morada de Kawasaki, tem conversado com amigos brasileiros que dizem achar os japoneses "muito exagerados".
"Não estamos tão preocupados como os japoneses. No começo até fiquei com medo, mas como a doença não é tão grave assim fiquei mais tranquila", conta.
A brasileira diz que o problema é que a informação demora a chegar. "Os brasileiros não entendem o idioma japonês e dependem da mídia brasileira local, que divulga as notícias com muito atraso", explica.
Justamente para tentar sanar esse ponto, a embaixada do Brasil em Tóquio e os dois consulados brasileiros no país fizeram a tradução completa de um manual divulgado pelo governo japonês. Nele, há dicas para se prevenir e também informações sobre como proceder em caso de suspeita de ter contraído o vírus.
Em Kobe, a ONG Comunidade Brasileira de Kansai (CBK) também faz o que pode para alertar os compatriotas.
"Temos distribuído panfletos em português com dicas e informações sobre o vírus", conta Marina Matsubara, presidente do grupo. "Mas os brasileiros realmente não parecem tão preocupados com essa gripe", atesta.
Número de infectados
Os casos confirmados de pessoas contaminadas com o vírus da gripe suína no Japão chegaram a 283 nesta quinta-feira e o número não para de subir.
O medo das autoridades agora é que a doença se espalhe por Tóquio, após a confirmação dos dois casos de estudantes na cidade de Kawasaki, localizada no subúrbio da capital.
A megalópole japonesa tem uma das maiores densidades populacionais do mundo. São 5.847 habitantes por quilômetro quadrado.
O governo central marcou para esta sexta-feira um encontro para discutir como controlar agora o contágio rápido dentro do país.
Muitas empresas da capital já adotaram medidas de prevenção junto aos funcionários, como distribuição de máscara e desinfecção obrigatória das mãos na entrada dos prédios.
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