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Saúde
Sexta - 15 de Maio de 2009 às 14:53
Por: Nicholas Wade

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Se você se exercita para melhorar o seu metabolismo e prevenir o diabetes, talvez seja melhor que evite o uso de antioxidantes como as vitaminas C e E. Essa é a mensagem de um novo e surpreendente estudo quanto à reação do corpo a exercícios físicos, cujos resultados foram anunciados na segunda-feira por pesquisadores na Alemanha e em Boston.

Exercícios físicos têm muitos efeitos benéficos sobre a saúde, entre os quais aqueles que incidem sobre a sensibilidade do corpo à insulina. "Exercite-se mais" está muitas vezes entre as primeiras recomendações que médicos fazem a pessoas em risco de diabetes.

Mas os exercícios fazem com que as células dos músculos metabolizem glicose, ao combinar seus átomos de carbono com o oxigênio e extrair a energia liberada. No processo, algumas moléculas de oxigênio altamente reativas escapam e realizam ataques químicos contra qualquer alvo que sejam capazes de atingir. Esses compostos reativos de oxigênio têm efeitos adversos conhecidos sobre os tecidos do corpo.

O montante de danos por oxidação aumenta com a idade e, de acordo com uma das teorias sobre o envelhecimento, é causa importante do declínio do corpo. O corpo tem seus sistemas de defesa para combater os danos por oxidação, mas estes nem sempre fazem o bastante. Assim, os antioxidantes, que eliminam os compostos de oxigênio reativos podem parecer uma solução lógica.

Os pesquisadores, liderados pelo Dr. Michael Ristow, nutricionista da Universidade de Jena, na Alemanha, testaram essa proposição em um teste com participantes jovens, que eram convidados a se exercitar e depois recebiam doses moderadas de vitaminas C e E; a sensibilidade deles à insulina e os indicadores das defesas naturais do corpo contra danos por oxidação eram medidos ao final de cada ciclo. A equipe de Jena descobriu que no grupo que estava usando as vitaminas, não havia melhora em termos de sensibilidade à insulina e praticamente nenhuma ativação do mecanismo natural de defesa do corpo contra os danos por oxidação.

O motivo para que isso acontecesse, eles sugerem, é que os compostos reativos de oxigênio, gerados como subprodutos inevitáveis do exercício físico representam um gatilho natural para ambas as respostas. As vitaminas, ao destruir eficientemente o oxigênio reativo, produzem um curto-circuito na reação natural do corpo aos exercícios físicos.

"Caso você se exercite com o objetivo de melhorar a saúde, não deveria usar grande quantidade de antioxidantes", disse Ristow. Uma segunda mensagem do estudo, ele afirma, "é a de que os antioxidantes em geral causam certos efeitos que inibem os efeitos de outra forma positivos do exercício, modificações de dieta e outras intervenções". As conclusões dos pesquisadores estão publicadas em artigo que saiu na edição desta semana da Proceedings of the National Academy of Sciences.

"Os efeitos das vitaminas sobre os exercícios físicos e o metabolismo da glicose são na verdade bastante significativos", disse o Dr. C. Ronald Kahn, do Centro Joslin de Estudo do Diabetes, em Boston, um dos co-autores do estudo. "Se as pessoas estiverem tentando se exercitar, isso bloqueia os efeitos da insulina sobre a resposta metabólica". O conselho não se aplica ao consumo de frutas e verduras, disse Ristow; ainda que esses alimentos contenham alto teor de antioxidantes, as diversas outras substâncias que também oferecem presumivelmente bastam para compensar quaisquer efeitos negativos.

Kahn disse que os compostos reativos de oxigênio talvez sejam benéficos em pequenas doses, porque eles ativam o sistema natural de defesa do corpo, mas prejudiciais em dosagens mais elevadas. Andrew Shao, do Conselho para a Nutrição Responsável, uma organização setorial que congrega os fabricantes de suplementos vitamínicos, diz que o novo estudo foi planejado de maneira inteligente, mas representa apenas um pequeno conjunto de indícios quanto a uma questão muito mais complexa.

A maior parte dos demais indícios disponíveis aponta para a conclusão oposta, a de que os antioxidantes beneficiam a saúde ao reduzir o estresse da oxidação, ele diz. "Eu não alteraria as recomendações aplicáveis às pessoas com base em apenas um estudo", ele afirmou. "Trata-se apenas de uma pequena peça do quebra-cabeças".

Tradução: Paulo Migliacci ME





Fonte: Do New York Times

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