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Internacional
Sexta - 15 de Maio de 2009 às 14:17
Por: Guila Flint

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Embora tenha havido polêmica durante a visita do papa Bento 16 a Israel e aos territórios palestinos, representantes do Vaticano, de Israel e da Autoridade Palestina disseram à BBC Brasil que a passagem do pontífice pela região foi "histórica e bem-sucedida".

O papa Bento 16 termina nesta sexta-feira sua visita a Israel e aos territórios palestinos, definida pelo Vaticano como "peregrinação pela paz", com uma visita à Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, onde segundo a tradição cristã, Jesus foi crucificado e sepultado.

Durante os últimos cinco dias, o papa visitou Jerusalém, Nazaré e a cidade de Belém, e se encontrou com líderes políticos israelenses e palestinos.

O pontífice esteve nos principais lugares sagrados para as três religiões monoteístas e realizou três missas a céu aberto, com participação de dezenas de milhares de pessoas.

De acordo com o porta-voz do Vaticano em Jerusalém, Wadi Abu Nassar, "a visita foi muito bem-sucedida".

Nassar destacou que a visita trouxe "muita alegria aos cristãos da região e lhes deu esperança".

"A visita de Sua Santidade a esta região contribuiu para as relações tanto com os israelenses como com os palestinos e esperamos dar continuidade à aproximação com todos", disse Nassar.

Incidentes

O porta-voz do Vaticano não mencionou, em sua declaração à BBC Brasil, alguns incidentes que ocorreram durante a visita e que causaram desconforto no Vaticano.

O principal incidente ocorreu depois da visita de Bento 16 ao Memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém. O discurso do papa durante aquela visita foi recebido com duras críticas por parte do próprio Yad Vashem, de líderes políticos e religiosos e também por parte da imprensa local.

O papa foi acusado de omitir, em seu discurso no Yad Vashem, a responsabilidade dos nazistas pelo extermínio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial e também de "não ter pedido desculpas".

O Vaticano reagiu com uma nota incisiva, afirmando que "Sua Santidade não é obrigado a pedir desculpas por algo que não fez e que havia mencionado os seis milhões de judeus exterminados no Holocausto no momento de sua chegada a Israel, já no aeroporto Ben Gurion".

No entanto, o governo israelense não compartilhou da opinião do Yad Vashem e afirmou que o museu "falou em seu próprio nome".

Ao resumir a visita do papa, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel, Yossi Levy, disse à BBC Brasil que "apesar dos momentos delicados que ocorreram nesta visita, o governo israelense a considera um dos eventos mais importantes da história do país".

De acordo com Levy, a visita foi "especial e muito bem-sucedida".

"Temos certeza de que, nesta visita, o diálogo entre Israel e o Vaticano avançou de maneira significativa", disse. "Este foi um encontro histórico com contribuições politicas, culturais e religiosas da maior importância."

João Paulo 2º

Embora o sentimento popular aqui em Israel seja de que a visita do papa João Paulo 2º, em 2000, teria sido "melhor e mais simpática", do que a visita de Bento 16, considerada "fria", analistas dizem que do ponto de vista do conteúdo, o atual pontífice fez pronunciamentos que indicam uma maior aproximação com Israel do que seu antecessor.

Em artigo no jornal Haaretz, o analista Lior Kudner comparou os discursos feitos pelos dois pontífices.

Segundo Kudner, em sua visita no ano 2000, João Paulo 2º afirmou que "devemos, sempre e em todos os lugares, agir na direção de expor a verdadeira face dos judeus e do Judaísmo, assim como dos cristãos e do Cristianismo".

Já o papa Bento 16, de acordo com Kudner, foi bem mais "direto" e disse que "a Igreja tem um total compromisso com a reconciliação entre cristãos e judeus".

Para o governador do distrito de Belém, Salah Ta'mari, a visita foi um "sucesso absoluto".

"A Autoridade Palestina está muito satisfeita com a visita do pontífice a Belém", disse à BBC Brasil o governador, que faz parte da Autoridade.

"Apesar de nossas preocupações com questões de segurança, tudo transcorreu na mais perfeita ordem, harmonia, e devo mencionar principalmente a alegria que todos sentiram, principalmente o próprio papa".

"Percebi que ele se sentiu seguro em nossa cidade pois percorreu Belém, durante toda a visita, com as janelas de seu carro abertas".

"Também percebi que ele gostou muito quando as crianças do campo de refugiados de Aida iniciaram a dança da debka (dança tradicional palestina) com um trecho da Quinta Sinfonia de Beethoven, sei que ele é pianista".

"Bento 16 foi honesto e justo, ele expressou solidariedade com os refugiados palestinos, condenou o Muro de Separação e defendeu a criação de um Estado Palestino independente", concluiu Ta'mari.





Fonte: De Tel Aviv para a BBC Brasil

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