Réu diz que matou inglesa após usar droga por quatro dias
Ele disse que conheceu a vítima em 2006, em Londres, durante uma festa na casa de um amigo chamado “Dudu”. Afirmou ainda que não namorou a vítima e que eram apenas amigos. Ele contou que os dois vieram juntos para o Brasil, pois a vítima queria conhecer o país.
Segundo Mohammed, na Inglaterra, Cara morava com a mãe, Anne Burke, pois o pai era falecido. Ele disse que passou a morar junto com a jovem inglesa, em Goiânia, mas que nunca namoraram ou tiveram qualquer relação sexual. O réu afirmou ainda que tinha bom relacionamento com a vítima.
O réu disse que Cara Marie usava maconha e cocaína. Que ela morou dois meses com ele, voltou para Londres e retornou ao Brasil, período em que morou outras duas semanas com Mohammed e saiu do apartamento para morar com o namorado. “Ela ficava, ao mesmo tempo, com um policial da Rotam”.
Mohammed afirmou que Cara Marie praticava pequenos furtos em Goiânia para comprar roupas e fazer “bagunça” pela cidade.
A morte
“Cara me ligou para dizer que queria voltar a morar comigo, mas que teria de avisar o namorado. Joguei 50 gramas de cocaína na mesa para cheirar. Ela me pediu dinheiro e me disse que para droga eu tinha. Eu respondi que não era o pai dela. Ela me disse que iria ligar para o policial que ela estava ficando para buscar a droga dela e fazer um dinheiro com a droga”, disse Mohammed.
“Quando ela colocou o telefone na orelha. Eu aumentei o volume do som, tapei a boca dela e comecei a furar as costas dela. Isso foi na sala do apartamento”, disse o réu.
“A faca já estava comigo para cortar a pedra de cocaína. No dia em que aconteceu tudo, eu já tinha usado cocaína durante quatro dias seguidos”. Segundo Mohammed, Cara segurou a faca, ele cortou a mão dela, mas ela continuou a se defender. “Mordi o braço dela. Não tinha noção do que estava fazendo, só depois que vi o que fiz.”
“Não lembro onde a esfaqueei. Não vi, não. Só saí ‘distribuindo’, sem saber onde a estava atingindo. Ela caiu morta na mesma hora. Eu arrastei o corpo para o quarto, fui tomar banho e depois arrastei o corpo para o banheiro”, disse Mohammed.
“Fui para uma festa na casa de uma amiga minha, a Poliana. Eu a atingi por volta das 17h e meia hora depois eu saí de casa para ir até a festa. Fiquei lá até as 10h de domingo." Antes, ele tirou fotos do corpo da vítima pelo celular e não sabe dizer porque fez isso.
“Eu fui até o supermercado, comprei uma faca por cerca de R$ 10 e voltei para casa. Fiquei pensando em como tirar o corpo de casa e o jeito era cortar o corpo e colocar na mala. Cortei primeiro as pernas, os braços e depois a cabeça”, disse o réu no depoimento.
“Coloquei o tronco em um saco plástico e depois em uma mala. A cabeça e os membros eu coloquei em outros sacos plásticos e em outra mala”, disse Mohammed ao juiz.
Ele disse que pegou a mala com os membros da vítima e colocou no carro de um amigo para jogar no Ribeirão Sozinha. No mesmo dia, pegou a outra mala, com o tronco da vítima, e levou até o Rio Meia Ponte. As duas malas foram jogadas sob pontes viárias.
Mohammed, no depoimento, disse que pensava que o crime não seria descoberto. Ao voltar para casa, ele lavou as marcas de sangue da vítima. “Limpei com água ‘kiboa’, desinfetantes e com panos”. Ele disse que não contou para ninguém.
Lembrança
O réu afirmou que soube da forma como o pai tinha morrido aos 10 anos de idade. “Fiquei um pouco desgostoso da vida por ter perdido meu pai da forma como aconteceu e também por ter uma mãe ausente.”
Mohammed disse que está sem usar drogas há nove meses. “Na hora que eu uso tudo é bom e depois vem a depressão. Mas estou melhor agora”. Ele disse que está arrependido do que fez e ainda não conversou com a mãe da Cara. “Só falei com ela uma única vez, por telefone, em Londres. Não a conheci pessoalmente.”
Alegações
O debate entre os advogados de defesa de Mohammed com a promotoria começou às 17h15 desta quinta-feira, cerca de oito horas após o início do julgamento. Milton Marcolino iniciou a etapa e defendeu a tese de que o réu deve ser condenado em sua plenitude, sem abatimento da pena por possíveis problemas mentais de Mohammed, que ele considera não existir.
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