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Economia
Quarta - 13 de Maio de 2009 às 10:03

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A fusão entre Sadia e Perdigão fará emergir a primeira brasileira no ranking das dez maiores multinacionais de alimentos do mundo, uma gigante com faturamento de R$ 22 bilhões e mais de 100 mil funcionários. A união das duas megaestruturas deve trazer ganhos de sinergia de R$ 2,2 bilhões, e um salto de 23,4% no valor de mercado das duas empresas juntas, segundo a corretora Brascan. Os números superlativos, porém, também implicam grandes desafios e decisões para a nova companhia.

Entre elas, a escolha da marca mais atraente para representar a empresa em cada mercado, a ameaça do órgão de defesa da concorrência sobre alguns produtos - nos quais Sadia e Perdigão têm grande participação de mercado - e a sobreposição e consequente desativação de fábricas.

Segundo o corretor da Link Corretora, Rafael Cintra, um dos maiores desafios será escolher qual marca vai representar a nova empresa no exterior, que responde por cerca de 50% das vendas nas duas companhias. "A marca da Sadia é bem forte no mercado internacional e pode ser escolhida para entrar em um mercado onde a Perdigão já está, no caso de uma eventual fusão."

É pouco provável, porém, que uma das marcas seja abandonada, acredita o analista. "Pode até haver mudança de posicionamento, mas as marcas devem ser mantidas, em um caso parecido com a AmBev." A empresa de bebidas surgiu em 1999 após a união das duas maiores cervejarias do País - Brahma e Antarctica, marcas que se mantêm no mercado.

Apesar de as duas empresas atuarem de forma conjunta em quase todas as áreas, especialistas não acreditam que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vá impor grandes restrições ao negócio. O único risco, na opinião do corretor, é o segmento de industrializados.

"Em pizzas congeladas, por exemplo, as duas têm uma fatia grande do mercado. Talvez tenham de se desfazer de alguma marca." Cintra lembra que uma das poucas áreas em que as companhias não são concorrentes é a de produtos lácteos, na qual a Perdigão vem fazendo aquisições há alguns anos.

MUDANÇAS

Outro ponto a ser analisado pelas empresas é a manutenção de todas as fábricas. No Estado de Mato Grosso, por exemplo, cada companhia mantém três unidades de produção. "A nova empresa poderá concentrar em um só local a produção de duas fábricas próximas que estão com capacidade ociosa, mesmo pequena. É uma forma de diluir custos."

Para a analista da Brascan Denise Messer, os ganhos de sinergias devem acelerar a expansão da nova companhia no mercado mundial. A quantia calculada por ela - de R$2,2 bilhões ou quase 10% do faturamento somado das duas empresas - inclui apenas despesas óbvias, como gastos com distribuição e logística. "Sendo a maior empresa de alimentos do Brasil, ela ganha um poder de barganha com fornecedor. Assim, pode obter preços mais baixos e reduzir custos", diz Denise.

A fusão também deve trazer ganhos com a otimização da estrutura administrativa. "Assim como fizeram Lojas Americanas e Submarinos, cada empresa pode adotar a melhor prática da outra", diz Cintra, da Link. Um exemplo, diz ele, são as despesas com vendas, que correspondem a 16,1% do faturamento na Sadia e 16,6% na Perdigão. "Se você consegue reduzir meio ponto porcentual numa estrutura grande como a delas, faz uma diferença enorme."

RESULTADO

Amanhã, as duas empresas divulgam ao mercado seus resultados operacionais no primeiro trimestre deste ano. Segundo a analista da Brascan, tanto Sadia quanto Perdigão devem apresentar números negativos, em boa parte provocados pelo impacto da redução das exportações brasileiras de frango com a crise mundial. "Ambas tiveram de fazer ajustes de produção por causa da diminuição nas vendas externas, o que trouxe custos e despesas adicionais", diz Denise Messer.

NÚMEROS

R$ 2,2 bilhões deve ser o ganho de sinergia com a fusão entre Perdigão e Sadia

23,4% seria o aumento no valor de mercado das duas empresas a partir das sinergias

50% é o porcentual aproximado de participação das vendas externas no faturamento das empresas

100 mil funcionários seria o total da nova companhia





Fonte: O Estado de S.Paulo

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