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Educação/Vestibular
Terça - 12 de Maio de 2009 às 20:21
Por: Sergio Luiz Fernandes

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A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lúcia Cavalli Neder, disse na Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), nesta manhã de terça-feira (12.05), que a proposta de unificação dos vestibulares das universidades federais, com a utilização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não está sendo bem compreendida. Para ela, a mudança deverá beneficiar especialmente os alunos oriundos da Rede Pública com mais oportunidades de acesso a cursos e diferentes faculdades. Ela esteve no órgão à convite da secretária-adjunta de Políticas Educacionais, Rosa Neide Sandes de Almeida.

Um protesto de estudantes impediu que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da UFMT votasse a proposta do Ministério da Educação (MEC), de unificação do vestibular. Aos presentes no auditório, a reitora apresentou as vantagens do novo sistema e respondeu a dúvidas. Participaram ainda da apresentação, na Seduc, os dirigentes de escolas públicas de Cuiabá e Várzea Grande, que oferecem o Ensino Médio, além de técnicos da Secretaria.

De acordo com a reitora, a proposta do MEC tem dimensões políticas e pedagógicas. Quanto às dimensões políticas, a utilização do Enem ao invés do vestibular tradicional, irá democratizar o acesso, principalmente aos alunos menos favorecidos economicamente. O novo sistema permitirá a disputa de cinco cursos em cinco diferentes faculdades, sem que o aluno precise se deslocar de sua cidade. “Atualmente, só as classes mais favorecidas têm condições de bancar deslocamento dos filhos para o vestibular em outras cidades, com despesas de ônibus ou avião, alimentação e hotel”, defendeu.

A mudança também possibilita outra economia para os alunos, que não precisarão mais pagar a taxa de R$ 85,00 para fazer o vestibular. Conforme Maria Lúcia, nem todos os alunos têm a documentação necessária para obter a isenção desta taxa. Para ela, o novo sistema de acesso também irá oportunizar a consolidação de um sistema único de Ensino Público e de avaliação. Quanto às dimensões pedagógicas, Maria Lúcia afirmou que o novo sistema vai direto ao cerne do problema enfrentado pelo Ensino Médio. Ela entende que a mudança traz novas diretrizes e paradigmas, ao focar o aprendizado em novas competências e habilidades, “e não apenas na preparação do aluno para o vestibular”.

A reitora da UFMT foi enfática ao defender que o Ensino Médio forme cidadãos com posturas diante da realidade, “que sejam leitores do mundo de forma crítica”. Maria Lúcia argumentou que o Ensino Médio deve transmitir conteúdos, mas não de forma descontextualizada como hoje, focando apenas na memorização para o vestibular. “Os conteúdos transmitidos devem ter para o aluno uma perspectiva de aplicação prática”, disse.

Maria Lúcia abordou ainda as formas de acesso previstas na proposta do MEC. Para ela, a mais interessante seria o Enem como fase única de acesso. No último vestibular da UFMT, das 4.300 vagas em disputa 72% dos alunos já optaram pelo Enem como elemento constitutivo da nota. Ela lembrou ainda que 62% dos alunos aprovados no mais recente vestibular da UFMT são oriundos de escolas públicas. Há também a opção de que o Enem seja apenas a primeira fase do acesso.

A desvantagem é que, nesta forma, o aluno perde a possibilidade de disputar as vagas em cinco faculdades. Existe também a possibilidade de utilização do Enem para acesso às vagas remanescentes e o sistema atual da UFMT, em que o exame compõe parte da nota do aluno. Alguns segmentos propõem que a avaliação seja feita durante todo o Ensino Médio. O MEC pode utilizar, em 2010, três avaliações, ficando o aluno com a melhor nota.

A reitora esclareceu que a mudança não está ocorrendo sem um processo anterior de discussão, como foi criticado. Maria Lúcia afirmou que o MEC, por exemplo, colocou o tema em debates em diversas ocasiões. “O tema tem sido recorrente nas falas do ministro da Educação, Fernando Haddad, e a UFMT atendeu ao chamado em participar do processo”, informou. Ela também falou que o MEC não está impondo a proposta, já que as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) têm autonomia para aderir ou não ao novo sistema. A UFMT promoveu dois debates públicos sobre o tema (um deles promovido pela Adufmat) e reuniões em todos os institutos, faculdades e departamentos.

Ela mostrou que a UFMT, a Seduc e outras instituições (Unemat, IFMT, UAB) não estão alheias às necessidades de melhoria do Ensino Médio. Por meio de um convênio firmado no ano passado, estão sendo formados 15 mil professores leigos e sem formação específica na disciplina que lecionam.

A reitora demonstrou que, desde 1996 a UFMT já participa na mudança de paradigmas no Ensino Médio, formando turmas por área de conhecimento e não por disciplinas. No caso, os alunos foram formados em Ciências da Natureza e não isoladamente em Física, Química e Biologia.

Maria Lúcia informou que deve ser realizada uma nova reunião do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) para tratar do assunto, nesta quinta-feira (14.05). Desta vez, ela espera que sejam respeitados os poderes constituídos da universidade, que são os seus conselhos. Para a reitora, estes têm legitimidade para decidir os destinos da UFMT e que são normais os descontentamentos num processo democrático. “No momento quem está perdendo quer atropelar o processo”, observou. Para a reitora, a preocupação central deve ser a escola pública. O aluno formado nesta seria quem mais tem a ganhar com a mudança.

Também esteve presente na reunião a coordenadora de Ensino Médio da Seduc, Ema Marta Dunck Cintra.





Fonte: Assessoria Seduc-MT

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