Queda de emprego na indústria reflete ajustes da crise, diz IBGE
A leve recuperação observada na produção industrial em março, que apresentou alta de 0,7% na comparação com o resultado de fevereiro, ainda não foi repassada aos níveis de contratações.
"O emprego vem acompanhando o ritmo de atividade na indústria, que, desde outubro do ano passado, teve que fazer ajustes nas suas linhas de produção principalmente diante das incertezas quanto aos investimentos. Em março, observamos uma ligeira recuperação na atividade, mas ainda sem reflexo no emprego, já que existe uma defasagem natural no tempo dessa resposta. O ajuste no mercado de trabalho ainda está mostrando seu lado mais forte neste início de ano, ou seja, ainda estamos num processo de ajuste no mercado de trabalho", explicou a economista Isabella Nunes, do IBGE.
A queda de 0,6% em março é a sexta consecutiva no indicador, divulgou hoje o IBGE. Desde outubro do ano passado, quando houve o agravamento da crise, a perda acumulada é de 5,8%. Já a queda de 5% é a maior de toda a série iniciada em 2001.
No acumulado do últimos 12 meses, a alta é de apenas 0,3%. No acumulado de janeiro a março, verifica-se retração de 4% em relação a igual período em 2008.
O desempenho neste período, se comparado ao trimestre imediatamente anterior, indica redução de 3,9%. Nos últimos dois trimestres, o emprego na indústria tem queda acumulada de 5%.
A folha de pagamento real da indústria recuou 2,5% entre fevereiro e março. Na comparação com março de 2008, a retração foi de 2,2%. Nos últimos 12 meses, nota-se avanço de 4,4%. Já em relação ao primeiro trimestre de 2008, a queda é de 4,3%.
Já o número de horas pagas na indústria caiu 0,9% em março, em relação a fevereiro. Também foi o sexto resultado negativo consecutivo, a exemplo do nível total de emprego na indústria. Desde então, o número de horas pagas acumula perda de 6,6%.
A economista destacou ainda que o recuo no emprego industrial não está localizado em nenhuma área geográfica ou setor de atividade, mas foi verificado nos 14 locais pesquisados e em 14 dos 18 ramos investigados.
"Esse processo [das demissões superando as contratações] está disseminado entre as áreas geográficas e os setores industriais. O que percebemos apenas é que ele se concentra mais fortemente nas regiões mais industrializadas, como é o caso de São Paulo [com queda de 4,0%], da Região Norte e Centro-Oeste [que apresentou retração de 8,6%] e de Minas Gerais [que recuou 6,2%]", acrescentou.
Regiões e setores
O nível do emprego industrial caiu nas 14 áreas pesquisadas e em 14 dos 18 setores avaliados, na comparação com março de 2008. A região Norte e Centro-Oeste (-8,6%), Minas Gerais (-6,2%) e São Paulo (-4%) tiveram as quedas mais acentuadas.
Entre os ramos analisados pelo IBGE, as principais variações negativas foram observadas no ritmo do emprego de calçados e artigos de couro (-10,3%), vestuário (-8,6%), máquinas e equipamentos (-8,2%) e meios de transporte (-7%).
Já o nível de emprego nas indústrias de papel e gráfica (7%), refino de petróleo e produção de álcool (3,5%), minerais não-metálicos (0,8%) e extrativa (0,5%) vieram na contramão da crise e apresentaram alta.
Na avaliação do trimestre, houve queda também nos 14 locais investigados, principalmente na região Norte e Centro-Oeste (-6,7%), Minas Gerais (-4,5%) e São Paulo (-3,2%). Entre os setores, 13 dos 18 pesquisados tiveram resultado negativo, caso das indústrias de madeira (-14,6%), calçados e artigos de couro (-10,1%) e vestuário (-8,6%).
com Agência Brasil
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