Em Jerusalém, Bento 16 condena negação do Holocausto
O papa Bento 16 disse nesta segunda-feira em Jerusalém, durante sua visita ao Museu do Holocausto Yad Vashem, que o sofrimento das vítimas do Holocausto nunca deveria ser negado.
"Que os nomes destas vítimas nunca pereçam. Que seu sofrimento nunca seja negado, depreciado ou esquecido", afirmou o pontífice em seu discurso, pronunciado em meio aos sobreviventes.
"A Igreja Católica se compromete com os ensinamentos de Jesus, quer levar seu amor a todos os povos e sente uma profunda compaixão pelas vítimas lembradas aqui. De forma semelhante, a Igreja se aproxima de todos que hoje estão sujeitos a perseguição devido a raça, cor, condição de vida ou religião. Seu sofrimento é o sofrimento dela (da Igreja) e dela é sua esperança por justiça", acrescentou.
O papa desembarcou nesta segunda-feira em Tel Aviv iniciando uma visita de cinco dias a Israel e aos territórios palestinos, definida pelo Vaticano como "peregrinação pela paz".
A visita, a primeira de Bento 16 à região, ocorre sob forte esquema de segurança e em um momento de tensão nas relações entre o Vaticano e Israel, por causa da recente suspensão da excomunhão do bispo católico britânico Richard Williamson, que negou o Holocausto.
A decisão de Bento 16 de suspender a excomunhão do bispo Richard Williamson gerou fortes protestos por parte de líderes políticos e religiosos do país.
Outra decisão polêmica foi a de aprovar a beatificação do papa Pio 12, acusado por vários historiadores de ser omisso em relação ao extermínio de seis milhões de judeus, pelo regime nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.
No monumento em Jerusalém, Bento 16 depositou uma coroa de flores e cumprimentou seis sobreviventes do Holocausto, antes de fazer seu discurso.
"Eles perderam suas vidas, mas nunca perderão seus nomes", disse o papa se referindo às vítimas do Holocausto.
"(Seus nomes) estão entalhados nos corações de seus entes queridos, seus companheiros prisioneiros sobreviventes e em todos aqueles determinados a nunca permitir que uma atrocidade como esta atinja a humanidade novamente."
Logo em sua chegada ao aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, Bento 16 afirmou que o antissemitismo é "inaceitável".
"Infelizmente, o antissemitismo volta a elevar sua feia cabeça em muitas partes do mundo. Isso é totalmente inaceitável", disse o pontífice ao ser recebido pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e pelo presidente, Shimon Peres.
Em seu discurso na chegada, o papa também mencionou a questão da criação do Estado palestino.
"Peço a todos os responsáveis que explorem todas as possibilidades em busca de uma solução justa para as dificuldades pendentes", afirmou. "Para que ambos os povos possam viver em paz em uma terra própria dentro de fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente."
Ao receber o papa, Peres disse esperar que a visita ajude a "pavimentar o caminho para a paz".
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