Indústria consolida início de recuperação da crise, diz FGV
Os dados do ICI (Índice de Confiança da Indústria) de abril, que avançou 8,7% sobre março, consolidam o início da recuperação do setor depois do choque causado pela crise financeira global, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas).
Para Aloísio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, a melhoria da confiança agora atinge um maior número de setores e já ficaram um pouco mais próximos da média histórica. Nos meses anteriores, havia uma concentração da recuperação em poucos setores --em especial o de material de transporte (automotivas e autopeças)-- e ainda estava muito abaixo da média.
"Até o mês retrasado não dava para dizer que havia uma retomada depois do ponto mais baixo, que foi em dezembro [quando chegou aos 74,7 pontos]. Em março já foi mais espalhado, mas não cresceu muito. Agora quase todos evoluíram favoravelmente", disse o pesquisador.
Alguns sinais são sintomas claros desse início de recuperação, aponta Campelo. Entre eles estão o nível de estoque --que chegou aos 88,4 pontos, 5,4% a mais do que em fevereiro e muito próximo da média histórica (91,9 pontos)-- e o aumento do Nuci (nível de utilização da capacidade instalada) e da demanda.
Por sua vez, o indicador que ainda mostra debilidade, embora tenha crescido no mês, é o de situação atual dos negócios. O indicador passou de 70,8 para 77,1 pontos, mas ainda está longe da média histórica (102,8 pontos). "Como é uma variável que envolve o sentimento [dos empresários], as dificuldades com crédito e com o mercado externo trazem um desconforto que atrapalha seu crescimento", apontou Campelo.
Emprego
Os dados divulgados hoje pela FGV mostraram ainda uma mudança na rota do emprego. O indicador de emprego previsto nos próximos três meses passou de 84,6 pontos para 95 pontos, ficando bem perto dos 100 pontos --que significa nível igual de empresas que pretendem contratar ou demitir.
Em abril, 17,1% das empresas informaram que pretendem aumentar o número de funcionários em três meses, enquanto 22,1% esperam ter redução.
Três setores pesquisados (papel e celulose, têxtil e alimentos e bebidas) seguem com índices acima dos 100 pontos, indicando que irão contratar. Já outros cinco, embora abaixo dos 100 pontos, tiveram recuperações expressivas no mês: minerais não-metálicos, metalurgia básica, material elétrico e de comunicações, plásticos e material de transporte. "É uma recuperação expressiva, mas ainda não é a ideal", diz Campelo. "Mas o crescimento foi bastante distribuído."
Comentários