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Agronegócios
Quinta - 23 de Abril de 2009 às 12:17

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Os embarques de soja e de açúcar foram decisivos neste primeiro trimestre para compensar o tombo das exportações do complexo carnes.

Juntos, eles incrementaram em US$ 793 milhões a receita do agronegócio, enquanto as carnes geraram uma receita US$ 668 milhões menor no período.

Se o açúcar mantém o estado de São Paulo no topo das exportações do agronegócio, a soja foi decisiva na guinada do estado de Mato Grosso no ranking dos estados exportadores.

No primeiro trimestre, o estado do Centro-Oeste, maior produtor da oleaginosa, superou pela primeira vez Paraná e Rio Grande do Sul e subiu de quarto para segundo maior exportador de produtos agroindustriais.

Pedro Nadaf, titular da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (SICME) de Mato Grosso, argumenta que o bom desempenho do complexo soja é proporcional ao maior nível de agroindustrialização do Estado.

A capacidade instalada para processamento de soja, que há dois anos era de 20%, hoje chega a 35%, das cerca de 17 milhões de toneladas que saem das lavouras mato-grossenses. "Estamos também alcançando mais o mercado internacional", acrescenta Nadaf.

Assim, no primeiro trimestre deste ano, Mato Grosso quase dobrou a receita com embarque de soja em grão, que saiu de US$ 493 milhões em igual período de 2008 para US$ 911 milhões, incremento de 84%.

O farelo de soja também ampliou sua fatia internacional com 33% de crescimento em receita no trimestre para US$ 256 milhões. "Somente o óleo decresceu. Mas isso, porque o produto está sendo muito usado na fabricação de biodiesel, cuja produção conta com 21 usinas no Estado", arremata Nadaf.

Os estados do Sul registraram recuo considerável nos embarques de carne. O Paraná liderou a queda com retração de 25,32% da receita, Santa Catarina vendeu 20% menos e o Rio Grande do Sul menos 13,4%. Queda que não foi compensada pelo aumento das entregas de grão ao mercado externo.

Segundo levantamento da Safras&Mercado, o Mato Grosso lidera as exportações de milho em 2009, com 783,35 mil toneladas embarcadas. O Paraná, maior produtor do grão, aparece em segundo lugar, com apenas metade desse volume exportado nos mesmos três meses.

No mesmo período de 2008, o Mato Grosso registrava 600 mil toneladas entregues ao mercado internacional, ante as mais de 750 mil toneladas negociadas pelo até então líder Paraná. "As lavouras do Sul foram devastadas por uma seca considerável", conjectura Paulo Molinari, da Safras.

De acordo com levantamento da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o Estado deixou de colher um milhão de toneladas de milho na safra de verão, volume que deve rebaixar as vendas externas do cereal gaúcho em irrisórias quatro toneladas ao longo de todo o ano de 2009, segundo estimativa da Safras&Mercado. No ano passado, o Rio Grande do Sul entregou quase 400 mil toneladas do grão ao mercado internacional.

Ainda marginal ante ao volume embarcado pelo Sul, a exportações de frango de Mato Grosso também foram positivas no trimestre. A receita foi de US$ 43,3 milhões, 8,9% de alta em relação ao mesmo período de 2008.

Por conta da abundância de milho e soja (o estado é o maior produtor da oleaginosa e maior de milho safrinha), muitas indústrias avícolas se instalaram na região nos últimos anos. A capacidade de abate de frangos é de 150 milhões de animais ao ano, crescimento de 40% em dois anos.

O açúcar ajudou o estado de São Paulo a se manter na primeira posição do ranking das exportações do agronegócio.

O complexo cana (açúcar e álcool) gerou receita de US$ 978 milhões no primeiro trimestre, 39% mais em relação a igual período de 2008. O desempenho equivaleu a receita adicional de US$ 273 milhões, compensando a queda em US$ 284 milhões em receita de carne bovina, que cai de 36% para US$ 491 milhões.

Sidnei Gonçalves, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, explica que as perspectivas para recuperação em carnes não são boas para o País, pelo menos a curto prazo.

"O açúcar e a soja devem continuar sustentando as exportações do setor. Já as carnes devem ter dificuldade pela frente", acredita o especialista do IEA. Isso porque, segundo ele, o aumento do excedente da proteína animal nos Estados Unidos deve aumentar o interesse americano em abocanhar mercados.

Isso se estende a outros produtos brasileiros que têm os Estados Unidos como concorrente, como é o caso do suco de laranja, na avaliação de Gonçalves.





Fonte: Gazeta Mercantil

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