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Nas mulheres, testosterona não causa comportamento arriscado
Mulheres que receberam doses de testosterona durante um mês não se mostraram mais propensas a tomar decisões financeiras arriscadas do que outras participantes de um estudo que não receberam o hormônio, de acordo com pesquisadores suecos. As constatações da pesquisa que eles conduziram sugerem que as mulheres apresentam comportamento mais seguro nos pregões das bolsas de valores do que os homens - ou servem para lançar dúvida sobre resultados de pesquisas anteriores quanto ao efeito do hormônio sobre os homens.
Uma série de estudos recentes identificou correlações entre determinados níveis de testosterona e comportamentos de risco, entre os homens; um dos trabalhos chegou à conclusão de que operadores financeiros homens com mais presença de testosterona em sua saliva tendiam a tomar decisões financeiras mais arriscadas.
Mas agora uma equipe de cientistas liderada por Magnus Johannesson, economista da Escola de Economia de Estocolmo, não constatou nenhum efeito dessa ordem em um grupo de pesquisa formado por 200 mulheres em idade posterior à menopausa. As mulheres receberam doses de testosterona, estrógeno ou um placebo, ao longo de quatro semanas, e foram convidadas a participar de uma série de jogos econômicos cujo objetivo é medir a propensão dos envolvidos a assumir riscos, bem como sua disposição a compartilhar recursos.
No "jogo do ditador", por exemplo, cada participante pode decidir que proporção de um determinado montante em dinheiro ele está disposto a doar a uma organização de caridade, e que proporção prefere reter para seu uso.
A equipe imaginava que as mulheres que estavam recebendo uma dosagem de testosterona tenderiam a se comportar mais como homens, doando menos dinheiro para caridade e aceitando riscos muito mais elevados em um jogo de investimentos. No entanto, os resultados obtidos na pesquisa, publicada pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences, não apontam para qualquer diferença significativa entre as mulheres que tomaram testosterona ou estrógeno e aquelas do grupo que recebeu apenas um placebo. "Minhas suposições a respeito dessa questão se alteraram consideravelmente", afirmou Johannesson.
Influência estabilizadora
Outros estudos identificaram diferentes na maneira pela qual homens e mulheres tomam suas decisões financeiras, e isso sugeria que a exposição a determinados hormônios sexuais poderia importar mais durante a fase pré-natal e a fase de desenvolvimento na adolescência do que em períodos posteriores da vida.
John Coates, neuroeconomista da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, foi o diretor científico do estudo sobre operadores financeiros homens. Ele aponta que a sensibilidade de uma pessoa à circulação de testosterona pode depender do volume de testosterona que esta pessoa recebeu durante o estágio pré-natal. "Assim, aumentar o volume de testosterona em uma mulher poderia ter efeito muito menor do que fazer o mesmo com um participante homem", afirmou. "Os resultados do teste foram mais ou menos aqueles que eu esperava".
Seria necessário executar uma experiência em escala semelhante envolvendo homens jovens, diz Coates, a fim de melhor compreender as dimensões da conexão entre os hormônios e as decisões financeiras. Os resultados de experiências desse tipo também poderiam ser influenciados por fatores como "a experiência ter sido conduzida em laboratório, e envolvido recompensas monetárias limitadas, ou em campo, por assim dizer, com montantes consideráveis de dinheiro e de risco em ação". De qualquer maneira, acrescenta Coates, "as mulheres podem exercer uma influência estabilizadora sobre o comportamento dos mercados financeiros".
Johannesson concorda em que o possível impacto dos hormônios sexuais sobre o processo decisório das finanças "continua ainda aberto a questões". No entanto, ele enfatiza que o poder estatístico do estudo que conduziu é bastante elevado, porque incluía número bem grande de participantes.
"Eu me sinto relativamente pessimista quanto à possibilidade de identificar esse efeito em homens", diz Johannesson. No estudo que redigiu, ele declara que existe a possibilidade de que os vínculos entre a testosterona e um comportamento de risco nas finanças identificados por estudos anteriores sejam "espúrios". Ele considera que estudos que não apresentem uma correlação entre o nível de hormônios sexuais presentes e um determinado comportamento econômico podem simplesmente encontrar mais dificuldades na publicação. "Resultados que apresentam correlações negativas tendem a não ser publicados", afirma Johannesson.
Tradução: Paulo Migliacci ME
Uma série de estudos recentes identificou correlações entre determinados níveis de testosterona e comportamentos de risco, entre os homens; um dos trabalhos chegou à conclusão de que operadores financeiros homens com mais presença de testosterona em sua saliva tendiam a tomar decisões financeiras mais arriscadas.
Mas agora uma equipe de cientistas liderada por Magnus Johannesson, economista da Escola de Economia de Estocolmo, não constatou nenhum efeito dessa ordem em um grupo de pesquisa formado por 200 mulheres em idade posterior à menopausa. As mulheres receberam doses de testosterona, estrógeno ou um placebo, ao longo de quatro semanas, e foram convidadas a participar de uma série de jogos econômicos cujo objetivo é medir a propensão dos envolvidos a assumir riscos, bem como sua disposição a compartilhar recursos.
No "jogo do ditador", por exemplo, cada participante pode decidir que proporção de um determinado montante em dinheiro ele está disposto a doar a uma organização de caridade, e que proporção prefere reter para seu uso.
A equipe imaginava que as mulheres que estavam recebendo uma dosagem de testosterona tenderiam a se comportar mais como homens, doando menos dinheiro para caridade e aceitando riscos muito mais elevados em um jogo de investimentos. No entanto, os resultados obtidos na pesquisa, publicada pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences, não apontam para qualquer diferença significativa entre as mulheres que tomaram testosterona ou estrógeno e aquelas do grupo que recebeu apenas um placebo. "Minhas suposições a respeito dessa questão se alteraram consideravelmente", afirmou Johannesson.
Influência estabilizadora
Outros estudos identificaram diferentes na maneira pela qual homens e mulheres tomam suas decisões financeiras, e isso sugeria que a exposição a determinados hormônios sexuais poderia importar mais durante a fase pré-natal e a fase de desenvolvimento na adolescência do que em períodos posteriores da vida.
John Coates, neuroeconomista da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, foi o diretor científico do estudo sobre operadores financeiros homens. Ele aponta que a sensibilidade de uma pessoa à circulação de testosterona pode depender do volume de testosterona que esta pessoa recebeu durante o estágio pré-natal. "Assim, aumentar o volume de testosterona em uma mulher poderia ter efeito muito menor do que fazer o mesmo com um participante homem", afirmou. "Os resultados do teste foram mais ou menos aqueles que eu esperava".
Seria necessário executar uma experiência em escala semelhante envolvendo homens jovens, diz Coates, a fim de melhor compreender as dimensões da conexão entre os hormônios e as decisões financeiras. Os resultados de experiências desse tipo também poderiam ser influenciados por fatores como "a experiência ter sido conduzida em laboratório, e envolvido recompensas monetárias limitadas, ou em campo, por assim dizer, com montantes consideráveis de dinheiro e de risco em ação". De qualquer maneira, acrescenta Coates, "as mulheres podem exercer uma influência estabilizadora sobre o comportamento dos mercados financeiros".
Johannesson concorda em que o possível impacto dos hormônios sexuais sobre o processo decisório das finanças "continua ainda aberto a questões". No entanto, ele enfatiza que o poder estatístico do estudo que conduziu é bastante elevado, porque incluía número bem grande de participantes.
"Eu me sinto relativamente pessimista quanto à possibilidade de identificar esse efeito em homens", diz Johannesson. No estudo que redigiu, ele declara que existe a possibilidade de que os vínculos entre a testosterona e um comportamento de risco nas finanças identificados por estudos anteriores sejam "espúrios". Ele considera que estudos que não apresentem uma correlação entre o nível de hormônios sexuais presentes e um determinado comportamento econômico podem simplesmente encontrar mais dificuldades na publicação. "Resultados que apresentam correlações negativas tendem a não ser publicados", afirma Johannesson.
Tradução: Paulo Migliacci ME
Fonte:
Nature News
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/161092/visualizar/
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