Quebra na safra atual poderá chegar a 3,88% em Mato Grosso
A quebra na safra de cana-de-açúcar, em Mato Grosso, este ano será de 3,88%. A produção prevista é de 14,90 milhões de toneladas, contra 15,50 milhões de toneladas no ano anterior. Mas, não fosse a usina da Brenco - que deverá iniciar a colheita a partir de setembro -, a quebra seria bem maior devido aos problemas enfrentados pelos usineiros, como a menor aplicação de tecnologia nas lavouras e a estiagem durante o período de plantio, no ano passado. A previsão inicial apontava recuo de 10% na produção, também pelos mesmos fatores.
Sem a Brenco, a produção fecharia o ano com menos 1,4 milhão de toneladas, queda de 13%. A usina de Alto Taquari acabou compensando a queda, atribuída também à desativação da usina Pantanal, do Grupo Naoum, que pediu recuperação judicial e ficou somente com a planta Jaciara. No ano passado, as duas usinas produziram 2 milhões de toneladas de cana. Para este ano, mesmo com os investimentos no aumento da capacidade da Usina Jaciara, a colheita prevista não passará de 1,5 milhão de toneladas.
Com isso, a produção de álcool – hidratado e anidro – deverá cair de 900 milhões de litros para 830 milhões de litros. Já a safra de açúcar recuará de 560 mil toneladas para 420 mil toneladas.
A redução da safra é atribuída aos elevados preços dos fertilizantes e à menor aplicação de adubos na lavoura, que acabou provocando queda na produtividade.
O diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindácool), Jorge dos Santos, lembra que além destes problemas, os produtores enfrentaram a falta de chuvas durante o plantio da safra. No ano passado, as 11 usinas sucroalcooleiras do Estado produziram cerca de 900 milhões de litros de álcool, sendo 550 mil litros de hidratado e 350 mil litros de anidro.
A produção deste ano será garantida pelas 11 usinas em funcionamento no Estado – Itamarati, Brenco, Cooprodia, Libra, Cooperb I, Barrálcool, Gameleira, Jaciara, Cooperb II, Usimat e Alcoopan – que devem gerar 16 mil empregos no pico da produção.
Dessas usinas, a Libra de São José do Rio Claro, Cooperb I (Mirassol D’Oeste) e Cooperb II (Rio Branco) já iniciaram a colheita.
AÇÚCAR – Os usineiros iniciam a colheita deste ano atentos aos preços do açúcar no mercado internacional. Para este ano há uma tendência de que os preços se mantenham mais atrativos, levando o produtor a dar preferência para este produto. “Tudo leva a crer que até junho ou julho o mercado continuará interessante para o açúcar”, observou ele. Com isso, os usineiros devem, dentro do possível, redirecionar a produção, ou seja, se o açúcar paga mais, então, haverá mais produção deste insumo em detrimento do álcool, por exemplo e vice e versa.
Segundo Jorge dos Santos, as cinco usinas produtoras de açúcar de Mato Grosso - Barrálcool, Itamarati, Cooprodia, Jaciara e Brenco –estão atentas ao comportamento do mercado internacional. “Seja para exportação direta, seja para repor o mercado interno nos consumidores mais expressivos, as usinas devem dar preferência ao mercado de açúcar no início desta safra”.
Levantamento de preços do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Esalq/USP, comprova o novo cenário. De acordo com a instituição, o açúcar remunerou 19% a mais do que álcool hidratado em outubro passado, e ficou com em linha com o preço do álcool anidro.
Os analistas acreditam que com a redução na produção indiana do insumo, em torno de 6 milhões de toneladas nesta safra, o balanço entre oferta e demanda fica mais ajustado, sinalizando que essa conjuntura poderá elevar o preço do açúcar.
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