Exportações: Sapezal lidera vendas em Mato Grosso
Quebrar tradições tem sido a principal característica de Sapezal, que começou em 2007 a liderar a produção nacional de soja precoce, cultivando as primeiras lavouras da nova safra no Brasil, desbancando Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá), até então o pole position da produção do grão.
Liderança repetida também no ano passado. Agora, depois da produção, é a vez da exportação. O volume de mais US$ 115 milhões acumulados no primeiro bimestre deste ano é suficiente para tirar de forma inédita, o primeiro lugar que cativamente vinha sendo ocupado por Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), conhecido como um dos principais pólos industriais de Mato Grosso, mas que nos últimos dois meses obteve receita de US$ 95,66 milhões. Com estas cifras, no ranking nacional, Rondonópolis manteve o mesmo 47° conquistado em igual período de 2008.
Chama a atenção no ranking nacional do último bimestre, a participação de cinco municípios mato-grossenses entre os 100 maiores exportadores: Sapezal, Rondonópolis, Campo Novo do Parecis (62ª), Sorriso (88ª) e Campos de Júlio (92ª). No primeiro bimestre de 2008, o mesmo ranking registrava apenas a participação de Rondonópolis.
A explicação para Sapezal pode estar ligada à crise financeira mundial, que onde não implicou no recuo do consumo o fez buscar alternativas e é justamente o aumento pela demanda de grãos, matérias-primas mais baratas – se comparadas à venda de óleo de soja – que manterá neste exercício, muitos municípios estaduais em lugar de destaque no cenário internacional.
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Mauro Mendes, a crise internacional deve ter de fato alterado o perfil do consumo da pauta estadual.
“Ainda não podemos afirmar que haverá maior predileção pelo grão, mas pela conjuntura atual e pelo menor preço deste item em comparação aos derivados da soja, por exemplo, pode sim, alterar a demanda internacional”.
A trading mato-grossense Amaggi, Grupo André Maggi, com forte atuação na região noroeste do Estado, por meio de sua assessoria de imprensa, acredita que diante do momento, haverá sim, maior interesse dos importadores por grãos.
“O mercado externo está tendendo para o grão, um produto mais barato, em relação ao óleo e o farelo, justamente segmentos que se destacam em Rondonópolis, repleto de agroindústrias. A China é a grande demandante dos produtos brasileiros e argentinos, porém, a mesma não compra produtos industrializados e a Argentina está com problemas nas exportações em função das greves e protesto contra as reformas tributárias. Outra explicação para esta performance é a queda no interesse por produtos geneticamente modificados”.
Até fevereiro, o preço médio internacional para a soja em grão foi de US$ 0,40 por quilo e o óleo de soja teve cotação de US$ 0,71 por quilo, este último apresenta queda no valor de importação de mais de 39% - era US$ 1,07 -, o que já sinaliza uma demanda aquecida ao grão, como reflexo do apetite pós-crise.
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