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Simon: senador só devia ter uma passagem ao mês
Na contracorrente dos colegas, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) propõe um corte na cota de passagens aéreas dos parlamentares, com a redução para um bilhete ao mês. O peemedebista entende que essa medida ajudaria a aumentar os dias de trabalho em Brasília.
- Devíamos ganhar uma passagem só. Por que eu deixaria numa só? Porque com essa história de ter cinco passagens, você vai todo fim-de-semana viajar - diz Simon.
O debate se reacendeu com a denúncia de que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) recorreu a R$ 469 mil em recursos do Senado para fretar jatinhos entre 2005 e 2007. Segundo a diretoria da Casa, houve "absoluto caráter de legalidade" no uso da cota. Jereissati possui um jato particular.
Simon comenta ainda a inviabilidade de criar uma "CPI das Empreiteiras" - por ele defendida na década de 90 -, com o objetivo de investigar as relações entre políticos e construtoras:
- É tanto nome, tanta gente que está sendo citada, que hoje nem o PT quer, nem o PSB, nem o PMDB quer (...) Com toda sinceridade, acho que só tem uma saída: é terminar os gastos de campanha. Campanha só pode ser dinheiro público.
Leia a entrevista:
Terra Magazine - Como o senhor analisa esse conjunto de denúncias contra o Senado? Ele precisa repensar seu modelo de administração?
Pedro Simon - Acho, com toda a sinceridade, que o Senado precisa fazer uma reavaliação geral, ampla, completa, caso a caso, e ver as alterações que precisam ser feitas. Chegou o momento. O grande problema que eu vejo no Senado é que a gente assiste... E aí eu faço "mea culpa". Como a gente não é membro da mesa, não é líder, a gente fica tomando conhecimento das coisas, mas não há uma decisão coletiva. Por exemplo, decidiram fazer um túnel. O plenário não tomou conhecimento. Decidiram fazer um anexo. O plenário não tomou conhecimento. Aumentaram as diretorias para não sei quanto. O plenário não tomou conhecimento.
Só pelos jornais?
É preciso fazer um balanço geral, ponto por ponto, ver o que deve ser feito, como deve ser modificado, e ter coragem de fazer.
Com o quadro atual do Senado, há mobilização para isso?
Se ficar só no Senado, não há. Mas se a imprensa ficar fazendo isso que está fazendo - e acho que está fazendo bem, de cobrar, cobrar, cobrar... -, vai nos obrigar a fazer isso. Tenho ido para a tribuna em mais de uma oportunidade, e pretendo ir semana que vem, cobrando isso. É uma omissão geral. Até eu, bato no peito. A gente fica olhando, as coisas acontecem, a gente lamenta... Pela omissão, nós somos responsáveis. Então, precisamos fazer um estudo geral, é absolutamente necessário.
E no caso específico do jatinho fretado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), pago com verba da Casa? Em primeiro lugar, eu defendo a tese de que nós não devemos ganhar cinco passagens por mês. Devíamos ganhar uma passagem só. Por que eu deixaria numa só? Porque com essa história de ter cinco passagens, você vai todo fim-de-semana viajar. Com isso de o Senado se reunir em terça, quarta e quinta (terça, de tarde, quarta o dia inteiro e quinta, de manhã), nós passamos 1/3 (do tempo) no Senado, 1/3 no avião e 1/3 em nosso Estado. A gente devia fazer com que o Senado funcionasse ininterruptamente.
O senhor acha que há exagero nas críticas aos gastos dos senadores com celulares? Em média, R$ 6 mil por mês?
Se não tem controle, é difícil fazer a coisa. Eu tenho um telefone. Esse telefone eu uso o tempo todo e é pago pelo Senado. Agora, com toda a sinceridade, não acho errado isso. Uma passagem por mês, o livro que no fim do ano eu publico, com todos os discursos que eu faço, o apartamento em que moro... Se eu fosse morar em outro apartamento, eu ia pagar R$ 4 mil. Quer dizer, eu acho que isso é normal, não veja nada errado.
É o custo fundamental para a atividade parlamentar?
Exatamente. Mas eu não aceito a verba de representação. Essa não aceito. Nomear funcionário aqui, convidar alguém pra jantar, essas coisas não. Temos que ganhar um salário justo.
O senhor defendeu, em 1995, uma CPI das Empreiteiras, para investigar casos de corrupção. Agora volta a ter chance?
Acho muito difícil... Hoje é mais difícil do que antes. É tanto nome, tanta gente que está sendo citada, que hoje nem o PT quer, nem o PSB, nem o PMDB quer. Com toda sinceridade, acho que só tem uma saída: é terminar os gastos de campanha. Campanha só pode ser dinheiro público. Só gasto público de campanha. Então, não tem essa história da empreiteira ou do banco dar tanto pra um e pra outro. Por que um empreiteiro vai dar dinheiro pra fazer campanha política? Por que um banco vai dar dinheiro pra fazer campanha política? Dá pra um e não dá pra outro? Tem que ser como na Alemanha: só verba pública de campanha. É a forma de solucionar. Senão, pode fazer CPI, pode fazer o diabo, e eles vão dar, vão continuar dando. E é dando que se recebe... Dão aqui e lá no negócio eles tiram o dinheiro que eles querem.
- Devíamos ganhar uma passagem só. Por que eu deixaria numa só? Porque com essa história de ter cinco passagens, você vai todo fim-de-semana viajar - diz Simon.
O debate se reacendeu com a denúncia de que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) recorreu a R$ 469 mil em recursos do Senado para fretar jatinhos entre 2005 e 2007. Segundo a diretoria da Casa, houve "absoluto caráter de legalidade" no uso da cota. Jereissati possui um jato particular.
Simon comenta ainda a inviabilidade de criar uma "CPI das Empreiteiras" - por ele defendida na década de 90 -, com o objetivo de investigar as relações entre políticos e construtoras:
- É tanto nome, tanta gente que está sendo citada, que hoje nem o PT quer, nem o PSB, nem o PMDB quer (...) Com toda sinceridade, acho que só tem uma saída: é terminar os gastos de campanha. Campanha só pode ser dinheiro público.
Leia a entrevista:
Terra Magazine - Como o senhor analisa esse conjunto de denúncias contra o Senado? Ele precisa repensar seu modelo de administração?
Pedro Simon - Acho, com toda a sinceridade, que o Senado precisa fazer uma reavaliação geral, ampla, completa, caso a caso, e ver as alterações que precisam ser feitas. Chegou o momento. O grande problema que eu vejo no Senado é que a gente assiste... E aí eu faço "mea culpa". Como a gente não é membro da mesa, não é líder, a gente fica tomando conhecimento das coisas, mas não há uma decisão coletiva. Por exemplo, decidiram fazer um túnel. O plenário não tomou conhecimento. Decidiram fazer um anexo. O plenário não tomou conhecimento. Aumentaram as diretorias para não sei quanto. O plenário não tomou conhecimento.
Só pelos jornais?
É preciso fazer um balanço geral, ponto por ponto, ver o que deve ser feito, como deve ser modificado, e ter coragem de fazer.
Com o quadro atual do Senado, há mobilização para isso?
Se ficar só no Senado, não há. Mas se a imprensa ficar fazendo isso que está fazendo - e acho que está fazendo bem, de cobrar, cobrar, cobrar... -, vai nos obrigar a fazer isso. Tenho ido para a tribuna em mais de uma oportunidade, e pretendo ir semana que vem, cobrando isso. É uma omissão geral. Até eu, bato no peito. A gente fica olhando, as coisas acontecem, a gente lamenta... Pela omissão, nós somos responsáveis. Então, precisamos fazer um estudo geral, é absolutamente necessário.
E no caso específico do jatinho fretado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), pago com verba da Casa? Em primeiro lugar, eu defendo a tese de que nós não devemos ganhar cinco passagens por mês. Devíamos ganhar uma passagem só. Por que eu deixaria numa só? Porque com essa história de ter cinco passagens, você vai todo fim-de-semana viajar. Com isso de o Senado se reunir em terça, quarta e quinta (terça, de tarde, quarta o dia inteiro e quinta, de manhã), nós passamos 1/3 (do tempo) no Senado, 1/3 no avião e 1/3 em nosso Estado. A gente devia fazer com que o Senado funcionasse ininterruptamente.
O senhor acha que há exagero nas críticas aos gastos dos senadores com celulares? Em média, R$ 6 mil por mês?
Se não tem controle, é difícil fazer a coisa. Eu tenho um telefone. Esse telefone eu uso o tempo todo e é pago pelo Senado. Agora, com toda a sinceridade, não acho errado isso. Uma passagem por mês, o livro que no fim do ano eu publico, com todos os discursos que eu faço, o apartamento em que moro... Se eu fosse morar em outro apartamento, eu ia pagar R$ 4 mil. Quer dizer, eu acho que isso é normal, não veja nada errado.
É o custo fundamental para a atividade parlamentar?
Exatamente. Mas eu não aceito a verba de representação. Essa não aceito. Nomear funcionário aqui, convidar alguém pra jantar, essas coisas não. Temos que ganhar um salário justo.
O senhor defendeu, em 1995, uma CPI das Empreiteiras, para investigar casos de corrupção. Agora volta a ter chance?
Acho muito difícil... Hoje é mais difícil do que antes. É tanto nome, tanta gente que está sendo citada, que hoje nem o PT quer, nem o PSB, nem o PMDB quer. Com toda sinceridade, acho que só tem uma saída: é terminar os gastos de campanha. Campanha só pode ser dinheiro público. Só gasto público de campanha. Então, não tem essa história da empreiteira ou do banco dar tanto pra um e pra outro. Por que um empreiteiro vai dar dinheiro pra fazer campanha política? Por que um banco vai dar dinheiro pra fazer campanha política? Dá pra um e não dá pra outro? Tem que ser como na Alemanha: só verba pública de campanha. É a forma de solucionar. Senão, pode fazer CPI, pode fazer o diabo, e eles vão dar, vão continuar dando. E é dando que se recebe... Dão aqui e lá no negócio eles tiram o dinheiro que eles querem.
Fonte:
Terra Magazine
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/161849/visualizar/
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