Crianças voltam para Portugal sob proteção

Desembarcaram ontem em Portugal as 3 crianças encontradas em um assentamento em Nova Mutum (264 km ao norte de Cuiabá). Elas estão sob a proteção da justiça portuguesa e os pais adotivos portugueses vão responder por abandono de incapaz. Os meninos, de 10, 12 e 13 anos de idade, estavam vivendo com a empregada da família, a brasileira Joelma Alexandra Guerra, desde dezembro, quando chegaram ao Brasil.

As crianças foram descobertas no assentamento rural Pontal do Marapi, distante 150 km de Nova Mutum, pelo Conselho Tutelar do município, que recebeu denúncia anônima alertando sobre a existência de 3 crianças estrangeiras na casa da professora da escola rural. Desconfiadas, as conselheiras Lucilene Carvalho Souza e Meire Rejane de Jesus, foram ao local no dia 20 de março e constataram que as crianças estavam vivendo no local com Joelma, que não tinha documentos comprovando a guarda.

As conselheiras passaram o dia no assentamento e descobriram que Joelma estava com as crianças desde o dia 2 de dezembro do ano passado. Ela contou que a mãe dos meninos veio com ela para o Brasil, mas depois seguiu para o Rio de Janeiro, para procurar trabalho, deixando as crianças com ela. "A história dela não nos convenceu", diz Lucilene, que decidiu procurar as autoridades e tirar as crianças do local, como medida de proteção. No dia 25, os meninos foram encaminhados para a Casa de Apoio Lar dos Girassóis, em Nova Mutum.

Notificada pelas autoridades, a mãe adotiva, Maria José, esteve em Nova Mutum e prestou informações ao juiz Gabriel Matos, da Vara da Infância e Juventude, que decidiu pela repatriação dos menores. O depoimento foi acompanhado por Erick Blatt, da Delegacia de Migração da Polícia Federal de Cuiabá, que notificou as crianças a deixarem o país, pois o visto de turista, de 90 dias, havia expirado. Como não houve entrada ilegal no país, já que as crianças estavam acompanhadas da mãe, o delegado diz que realizou apenas um procedimento administrativo, fazendo cumprir uma decisão judicial. Com isso também foi descartada a suspeita inicial de rapto.

Nascidos em Açores, os garotos foram adotados há 6 anos. Joelma trabalhou um ano com a família em Portugal, até retornar ao Brasil. Primeiro ela foi para o Paraná e só depois veio para Mato Grosso.