Novos tremores atingem Itália; número de mortos chega a 278
Novas réplicas --tremores secundários de intensidade menor que ocorrem depois de terremotos-- dificultaram o trabalho das equipes de resgate que buscam por desaparecidos em meio aos escombros de Áquila, a cidade italiana medieval que foi devastada por um terremoto de 6,3 graus de magnitude no último dia 6. O terremoto já deixa 278 mortos, segundo a Defesa Civil.
Um primeiro tremor, de 4,3 graus na escala Richter, ocorreu às 0h55 --19h55 desta quarta-feira (8) em Brasília). Duas horas depois, um outro tremor de magnitude 5,2 atingiu a região e foi sentido até mesmo em Roma, a cerca de cem quilômetros de Áquila. No início da manhã, um terceiro tremor de 3,1 graus atingiu a região.
O tremor causou pânico na cidade e vilas próximas e danificou prédios e casas. As autoridades isolaram o centro da cidade, área mais atingida pela série de tremores. As réplicas assustaram ainda os sobreviventes dos tremores, dos quais 17 mil passaram outra noite fria nas tendas montadas pelo governo para ajudar os desabrigados.
Em Áquila, capital da região de Abruzzo, as equipes de resgate descobriram mais dois corpos na república de estudantes que desabou no centro histórico da cidade, segundo a agência Ansa. A maior parte das vítimas do terremoto eram estudantes universitários. Segundo a Defesa Civil, as vítimas incluem ainda 16 crianças.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o primeiro dos corpos recuperados durante a noite é de uma jovem, e foi achado por volta das 3h (22h de quarta-feira no horário de Brasília), enquanto o segundo só pôde ser retirado dos escombros às 3h (1h no horário de Brasília).
As equipes de resgate já reconhecem que as chances de encontrar algum sobrevivente em meio aos escombros é pequena.
"Nós perdemos tudo, mas estamos gratos por estarmos vivos e as equipes de resgate são verdadeiros anjos", disse Anna Chiara, que mora provisoriamente nas tendas, ao lado do marido.
Segundo a polícia, quatro corpos ainda não foram identificados e os feridos somam 1.600.
Segundo o governador de Abruzzo, Gianni Chiodi, afirmou que cerca de dez pessoas ainda estão desaparecidas. O Ministério do Interior afirmou que as buscam continuarão até a Páscoa.
"Enquanto soubermos que há pessoas sob os escombros, nós continuaremos buscando, mesmo que tenhamos certeza de que estão mortos. As famílias precisam saber o que aconteceu com seus entes queridos", disse um bombeiro, citado pela agência Associated Press.
Terremoto
O sismo foi o pior a atingir a Itália desde 23 de novembro de 1980, quando um tremor de 6,5 graus na escala Richter matou 2.735 pessoas. Áquila é a capital da região de Abruzzo e fica em um vale cercado pelos Montes Apeninos. O tremor aconteceu às 3h30 de segunda-feira (6) --22h30 de domingo (5), em Brasília.
De acordo com o Instituto Nacional de Geofísica da Itália, a magnitude do terremoto foi de foi 5,8 graus na escala Richter. De acordo com a escala, os tremores entre 5,5 e 6 graus ocasionam pequenos danos em edificações. Entre 6,1 e 6,9 podem causar danos graves em regiões muito populosas.
Reconstrução
Enquanto seguem os trabalhos de resgate, os italianos começaram a discutir a reconstrução das áreas atingidas. O custo da recuperação deve representar um desafio para as notoriamente débeis finanças do Estado italiano. Especialistas sugerem que Berlusconi renuncie a planos grandiosos, para ajudar a reconstruir a devastada região de Abruzzo. Uma das sugestões, é que ele desista de construir uma ponte para a Sicília, com o custo previsto de 1,3 bilhão de euros (R$ 3,8 bilhões, aproximadamente), para destinar o dinheiro à área de desastre.
"Já há sinais de que poderia haver um reordenamento das prioridades", disse Franco Bruni, um economista da Universidade Bocconi, em Milão. Ainda assim, não está claro se o projeto da ponte de Messina, será sacrificado, ou apenas os planos para construção de rodovias e investimentos ferroviários. Seja qual o for o caminho escolhido pelo governo, a reconstrução da cidade medieval de Áquila e de 26 outras aldeias em torno será um projeto longo e dispendioso.
Cerca de 15 mil imóveis foram danificadas ou destruídos na segunda-feira, incluindo escolas, casas particulares, edifícios históricos e igrejas medievais. "Áquila é uma cidade fantástica com muitos edifícios e igrejas importantes. Teremos muito tempo para decidir o que fazer com cada edifício", disse Bruni.
O tempo que o projeto deve levar depende também da recuperação da economia mundial e das finanças do governo. A Itália teve de aumentar drasticamente as despesas sociais com pagamento de seguros para desempregados nos últimos meses.
Com agências internacionais
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