Poupança volta a ter mais saques que depósitos em março, aponta BC
A captação da caderneta de poupança voltou a ficar negativa em março, após saldo positivo de fevereiro. Segundo dados do Banco Central, os saques superaram os depósitos em R$ 846 milhões no mês passado.
De acordo com o BC, a saída líquida de março foi o pior resultado desde a retirada de R$ 1,84 bilhão em abril de 2008. O saldo negativo do mês passado foi resultado de depósitos de R$ 81,70 bilhões e saques de R$ 82,54 bilhões.
Em fevereiro, a poupança havia registrado saldo positivo de R$ 751,4 milhões, após perdas de R$ R$ 486,6 milhões em janeiro.
Os depósitos em cadernetas de poupança são uma das fontes de financiamento para a compra da casa própria. Assim, maiores depósitos significam mais crédito para o setor habitacional. Os números do BC incluem também a poupança rural.
No acumulado do primeiro trimestre, assim, a poupança registra saída de R$ 582 milhões da caderneta de poupança, pior resultado para o período desde o primeiro trimestre de 2006.
Crise
No ano passado, a poupança perdeu competitividade para aplicações como renda fixa e CDB's (Certificados de Depósitos Bancários), já que a elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central eleva a remuneração das últimas opções.
As aplicações em poupança são corrigidas pela taxa referencial (TR) mais 0,5% ao mês. Em 2008, assim, o rendimento foi de aproximadamente 8%, enquanto o de fundos de renda fixa (que cresce com a alta dos juros) ficou na casa de 12%.
Agora, com a expectativa de queda dos juros para fazer frente à crise mundial e estimular o consumo, a poupança deve voltar a ter depósitos crescentes, já que para aplicar na modalidade o poupador não precisa pagar taxa de administração ou IR (Imposto de Renda).
Nesse cenário, o governo já sinalizou que pode tomar novas medidas para diminuir a proximidade dos retornos da caderneta de poupança e de aplicações como os fundos DI e de renda fixa.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já admitiu que há estudos para mudar a rentabilidade da poupança. Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a atual remuneração é um "desafio" a ser resolvido.
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