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Agronegócios
Segunda - 06 de Abril de 2009 às 08:27

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Antes mesmo do encerramento da safra 2008/09, a ferrugem asiática, uma das doenças mais danosas para a soja, já estabeleceu um novo recorde negativo no país, com o maior número de focos registrados desde o início do acompanhamento, em 2004.

Para técnicos e especialistas, contudo, o crescimento no número de focos é antes uma evidência de evolução do combate à doença que do que um sinal de que os produtores do grão baixaram a guarda na atual temporada.

Até a última sexta-feira, o número de focos detectados no Brasil havia chegado a 2,81 mil, o que representa, até o momento, um crescimento de 33,5% em comparação com os 2,10 mil focos registrados até o encerramento da safra 2007/08.

O número é superior também aos 2,77 mil registros da temporada 2006/07, que marcava o recorde negativo até então. Os dados são do Consórcio Antiferrugem, consórcio formado por Ministério da Agricultura, Embrapa, fabricantes de defensivos, entre outros.

Segundo a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, o crescimento do número de focos deve-se ao maior número de laboratórios cadastrados para a coleta de amostras, e não necessariamente a uma eventual piora no trato das plantações.

"O acompanhamento tem servido principalmente para detectar o momento da ocorrência do primeiro foco de cada safra", diz. "Nesta safra, a ocorrência do primeiro foco demorou mais a aparecer que na passada".

Em parte, o "atraso" no registro dos primeiros também se deve à seca que abateu o Sul do país e também Mato Grosso do Sul entre novembro e dezembro. O fungo que causa a ferrugem asiática dissemina-se com mais desenvoltura em ambientes úmidos.

Não se pode, contudo, creditar a demora para a ocorrência da doença na safra 2008/09 a um fator que, por seu lado, foi também danoso para os produtores.

A atual temporada foi a primeira em que todos os grandes Estados produtores de soja adotaram o vazio sanitário - o Paraná estava fora até 2008. Sob o vazio, o plantio de soja é proibido em intervalos que vão de 60 a 90 dias, a depender de cada Estado. Sem soja no campo, o fungo tem outro empecilho para se espalhar.

"De um modo geral, o combate à ferrugem melhorou, mesmo com mais focos", diz José Tadashi Yorinori, da Tadashi Agro, um dos maiores especialistas na doença no país. Não apenas cresceu o número de laboratórios que recebem os dados, mas também a forma como as informações são apuradas, segundo ele. "Antes, era um por município agora, cada foco representa um registro", diz.

As perdas com a ferrugem no Brasil dispararam a partir de 2002, embora o primeiro relato de sua existência no país seja de 1947. Desde o início da década, os gastos para tentar controlá-la já superaram US$ 11 bilhões.





Fonte: Valor Econômico

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