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Cidades/Geral
Quinta - 02 de Abril de 2009 às 13:02
Por: Gilmar Maldonado Roman*

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A cidade de Cuiabá, que desde 1835 ostenta o lugar de capital do Estado de Mato Grosso, completará no dia 08 de Abril deste ano 290 anos de sua fundação. Porém, a região do Cuiabá remonta algumas décadas antes, conforme relatos de historiadores e outros pesquisadores do período do Brasil colônia de Portugal, sobre a inserção de paulistas bandeirantes que para estas terras vieram em busca de índios para o trabalho nas lavouras da Capitania de São Paulo, hoje estado de São Paulo. Esses relatos dão conta de que por volta de 1682 o bandeirante Bartolomeu Bueno, juntamente com seu filho de mesmo nome, e Manuel de Campos Bicudo já estiveram na região.

Bartolomeu Bueno (o moço) retorna a região do Cuiabá juntamente com Antonio Pires de Campos, por volta de 1716 e empreendendo o trabalho de capturar índios e descobrir novas jazidas de ouro e pedras preciosas, em 1718 se encontra às margens do Rio Coxipó com o Capitão-Mor e bandeirante Pascoal Moreira Cabral. Este trazia consigo autorização de fundação de arraiais (povoados) conforme uso e costume da época, observando sempre o acordo existente entre as coroas portuguesa e espanhola para posse de terras além da linha do tratado de Tordesilhas, o Utti Possidetis, no dia 08 de Abril lavrou ata fundando o Arraial da Forquilha que futuramente seria Cuiabá.

Com o achado de ouro no Córrego da Prainha, muitos garimpeiros, comerciantes e prestadores de serviços se fixaram naquela região, forçando o Arraial da Forquilha a despovoação e aumentando de forma significativa o novo povoado, tornando assim o centro geral das minas do Mato Grosso, que logo passou ter o nome de Arraial do Bom Jesus de Cuiabá.

No final de 1726 chega ao Arraial o Capitão-General Governador da Capitania de São Paulo Dom Rodrigo Cesar de Menezes, com cerca de 60 canoas e em torno de 600 pessoas que o acompanhavam, elevando o arraial a condição de Vila Real, com o nome Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá. Nesse momento a Vila passa a contar com estrutura administrativa formal, nos moldes e diretrizes estabelecidos pela Coroa Portuguesa para a colônia, e continua com obediência à Capitania de São Paulo.

Diversas mudanças foram introduzidas pelo então Governador Rodrigo de Menezes sendo que algumas delas não foram bem aceitas pela população, como a elevação dos impostos sobre o ouro, fazendo com o que diversas pessoas fossem embora para outros locais da Capitania e até da Colônia. Alguns anos depois, em 1734, os irmãos Artur e Fernando Paes de Barros saem de Cuiabá e, chegando à Chapada dos Parecis, após dias de viagens acompanhados de alguns índios da etnia pareci, chegam ao vale do Guaporé e, fazendo pesquisas de ouro, encontram a medida de quatro oitavas, evidenciando assim a abundância do metal na região. Imediatamente comunicam o Governador da Capitania, que por sua vez comunica a corte em Portugal sobre o achado, revelando que “fora encontrado ouro a seis léguas dos parecis, em região de Matto-Grosso”. Com a notícia da descoberta do ouro, há uma grande corrida de pessoas para a região do Guaporé, fazendo surgir diversos arraiais como o de São Francisco Xavier, Santana e outros com vestígios de construções até os dias atuais.

O povoamento da mina força a coroa portuguesa a organizar administrativamente a região para melhor controlar a produção e encaminhamento do ouro extraído, criando então em 09 de Maio de 1948 a Capitania de “Matto-Grosso”, desmembrando-a da de São Paulo. A nova capitania passa a ter uma enorme área, compreendendo o que é hoje os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia e como capital mandou construir Vila Bela da Santíssima Trindade, município existente até os dias atuais, junto à margem direita do Rio Guaporé. O primeiro Governador foi o fidalgo Dom Antonio Rolim de Moura Tavares, que ostentava o título de Conde de Azambuja, e fundou Vila Bela da SS. Trindade em 19 de Março de 2009. Ainda em Vila Bela da Santíssima Trindade, sucederam Dom Antonio Rolim de Moura, outros dez Governadores sendo, o último deles Dom Antonio Magessi.

Em 1823 após o advento da independência do Brasil e devido a decadência do garimpo, a distância de Vila Bela a outros centros brasileiros, a dificuldade de comunicação com o litoral e o Rio de Janeiro que era sede da Colônia, além da insalubridade que se instalara em função de doenças como malária, febre amarela, tifo e outras sezões que se alastraram na população de Vila Bela da Santíssima Trindade, inicia-se o processo de transferência da capital para Cuiabá, que oferecia melhores condições para ser a sede. Lembrando que quando Cuiabá passa ser capital não existe mais a denominação Capitania e sim “Província de Mato Grosso” permanecendo até 1889, quando muda novamente para Estado de Mato Grosso.

Nos primórdios da República brasileira, Cuiabá, embora distante de outros centros populacionais brasileiros, tem um crescimento físico e demográfico acentuado, atraindo para si moradores de outras regiões do estado e do Brasil. Nas décadas de 40, 50 e 60 do século passado, continua o crescimento na mesma proporção. Mas, na década de 70, a abertura de estradas, colonização de áreas de florestas e cerrados e incentivos do governo federal, acontece um enorme impulso ao Estado, fazendo Cuiabá crescer e desenvolver de forma muito rápida, continuando ainda nas décadas de 80 e 90, chegando ao século XXI como uma das grandes e importantes cidades do Brasil.

Cantada em versos e prosas pelo seu povo e visitantes, Cuiabá se transformou em uma metrópole as margens de um dos principais rios do pantanal, que tem o mesmo nome e hoje conta com uma população total na casa de 600.000 habitantes, estando ligada aos grandes centros brasileiros e portos de exportação por rodovias pavimentadas, além de importantes linhas aéreas para o interior do Estado e demais localidades brasileiras. Candidata ao acontecimento de jogos de futebol para a copa do mundo de 2014, Cuiabá se prepara para ser a sede da região do pantanal, quando poderá mostrar ao mundo suas potencialidades, como a cultura peculiar de seu povo, suas ruas estreitas do centro antigo, em paradoxo com as grandes e belas avenidas perimetrais, além de explicitar a moderna tecnologia adotada para o atendimento as necessidades de sua gente no mundo contemporâneo.

Parabéns Cuiabá pelos seus 290 anos!

(*) Gilmar Maldonado Roman é Contador e Historiador e exerce o cargo de secretário de Administração no município de Pontes e Lacerda – MT.





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