Menor com Síndrome de Down sofre abuso sexual na Apae

Uma menina de 12 anos, portadora da Síndrome de Down, sofreu abusos sexuais e, segundo a mãe da menina, os fatos aconteceram dentro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Cuiabá (Apae), onde estuda há 4 anos. O suspeito do crime é um funcionário da instituição que já foi identificado. Ele deve se apresentar à Polícia na terça-feira (31). A diretora poderá ser indiciada por omissão.

A mãe da menina informou que há mais de um mês vem cobrando da diretora unidade, localizada no bairro do Porto, uma providência sobre o caso. Como vinha sendo "enrolada", optou em fazer um segundo boletim de ocorrências ao perceber que a filha mais uma vez chegou em casa com sinais de violência, na noite de quinta-feira (26).

Segundo a mãe, além dos exames de Medicina Legal que comprovaram os abusos, uma médica do Hospital Júlio Müller que atendeu a criança no dia 18 de março, teria comunicado a diretora da Apae o quadro grave de lesões na menina e prescrito preventivamente medicação contra o vírus HIV. A mãe acredita que os abusos começaram há meses, quando percebeu sinais de violência no corpo da menina. Ontem, a diretora da Apae, Sílvia Cristina Artal, prestou depoimento na Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica).

A mãe da menor, que é auxiliar de serviços gerais, depende do atendimento da Apae, pois não tem condições financeiras. Conta que quando começou a perceber os sinais dos abusos perguntava para filha, que tinha dificuldade em se expressar. Mas depois de insistir muito, ela contou quem era e falou até o apelido do abusador. A menina relatou ainda que o acusado "mexia" com outra amiguinha dela. Em dezembro, a mãe disse que foi até a Apae e acabou encontrando o suspeito e a filha confirmou ser ele mais tarde.

Ontem, a mãe estava preocupada, dizendo que no dia anterior as professoras ficaram com sua filha na secretaria, fazendo várias perguntas para "confundir a cabeça da menina". Ela mesma afirma que quando ia pegar a criança estava sendo pressionada pela diretora. A mulher que levava sua filha para a Apae também vinha sendo questionada pela direção que chegou a perguntar a ela se a mãe da menina tinha algum "namorado" que frequentava a casa.

Desdobramento - A diretora e um dos professores da Apae foram chamados para depor sobre o caso na Deddica ontem. Sílvia Cristina Artal disse para a delegada, Maria Rubia Carvalho, que tomou conhecimento da denúncia da mãe na quarta-feira (18) e desde então afastou os suspeitos das atividades que desenvolviam na instituição. Ele trabalhava no setor administrativo e a diretora diz que é a primeira vez que a mãe faz a acusação contra o funcionário.

Mesmo tendo informações sobre o registro oficial, a diretora não acionou nenhum órgão de proteção e defesa do menor. Ela alega que estava esperando ser acionada oficialmente. A situação faz com que ela possa ser indiciada por omissão, o que até o fechamento da edição não havia sido confirmado pela delegada.

O acusado não foi encontrado pelos policiais, mas o advogado João Otiniel Matos esteve na Deddica e afirmou à delegada que o cliente irá se apresentar na terça-feira (30). Matos relata que foi contratado na tarde de ontem e ainda não conversou com o cliente para saber detalhes, mas assegura que ele é inocente.

A delegada Mara Rubia Carvalho disse que a ocorrência está em fase de investigação e que não há pedido de prisão expedido. Ela alega que será necessário fazer uma avaliação também do círculo de convivência da menina, para que não haja dúvidas sobre o autor do crime.