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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quinta - 26 de Março de 2009 às 15:48
Por: Laryssa Borges/Direto de Brasí

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar nesta quinta-feira a especulação financeira, considerado fator que desencadeou a crise econômica mundial, e afirmou que as turbulências globais foram causadas por "pessoas brancas de olhos azuis", e não por populações pobres ou formadas por negros e índios.

Na avaliação do presidente, que recebeu o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, "comportamentos irracionais" de nações desenvolvidas foram o fator responsável pela crise.

"Não temos o direito de permitir que sejam os pobres, que viajam o mundo à procura de uma oportunidade, sejam os primeiros a pagar por uma conta feita pelos ricos. Nenhum negro e nenhum índio (desencadeou a crise). É uma crise causada e fomentada por comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis que, antes da crise, parecia que sabiam tudo e agora demonstram que não sabiam nada", declarou.

O presidente Lula negou que, ao criticar banqueiros "brancos e de olhos azuis", estivesse promovendo uma "batalha ideológica", mas opinou que "percebemos é que mais uma vez grande parte dos pobres no mundo que ainda não estavam sequer participando do desenvolvimento causado pela globalização são as primeiras vitimas (da crise financeira)".

"Acompanho pela imprensa e vejo o preconceito que se estabelece contra os imigrantes em países mais desenvolvidos. Aqui no Brasil, ao contrário, tomamos decisão de regulamentar a permanência de milhares de bolivianos porque não podemos jogar nas costas das pessoas de outros países que vem aqui ajudar nosso país a responsabilidade de uma crise que foi causada por poucas. O Brasil vem tendo responsabilidade na regulação do nosso sistema financeiro", emendou Lula. "Como não conheço nenhum banqueiro negro ou índio, só posso dizer que essa parte da humanidade que (não é possível que) a parte mais vitima do mundo pague por uma crise".

Segundo relato do presidente Lula, o impressionou a quantidade de negros e pobres na posse do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em janeiro. "Nunca uma posse de um presidente norte-americano tinha a quantidade de população negra que teve a posse do Obama e a quantidade de pessoas pobres que estavam lá. Essas pessoas não fizeram nada para acontecer essa crise e vão ser as primeiras vítimas dessa crise", observou, destacando que os pobres não podem, mais uma vez, ser os primeiros a sofrer os efeitos das retrações econômicas.

"O grande cuidado que os líderes têm que ter é que não temos o direito de deixar que os pobres fiquem mais pobres. É deles que temos que cuidar com mais carinho, é para eles que temos que fazer as políticas, porque uma outra parte da sociedade pode suportar uma crise meses e até anos, mas os mais pobres não conseguem um mês. Acho que temos que ter coragem de dizer isso porque assim a gente vai ganhando mais força para regular o sistema financeiro", disse Lula.

Ao condenar os efeitos da crise financeira e a falta de regulação de instituições financeiras e organismos multilaterais, o presidente aproveitou para defender uma mudança nas regras vigentes nos paraísos fiscais, em especial naqueles localizados em países ricos, como a Suíça.

"Não pensem que será uma luta fácil, até porque quem tem dinheiro em paraísos fiscais não são os pobres de que estou falando. Sei que vamos ter um duro enfrentamento no G-20 para mexer nos paraísos fiscais. Se fossem apenas nas Ilhas Cayman não teria problema, mas tem países importantes como a Suíça que nunca foram chamados de paraíso fiscal, mas tem muita semelhança. Nós, governantes, estamos diante de um gostoso desafio", argumentou.





Fonte: Redação Terra

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