Economia dos EUA cai 6,3% no quarto trimestre de 2008
O PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos registrou uma contração de 6,3% no quarto trimestre do ano passado, segundo a leitura final do dado divulgada nesta quinta-feira pelo governo americano. A contração é ligeiramente maior que a divulgada no mês passado, de 6,2%.
O dado, no entanto, confirma que o tombo na maior economia do mundo no quarto trimestre de 2008 ficou muito acima da primeira estimativa, divulgada no início deste ano, de 3,8%. Mesmo assim, o indicador ficou acima do esperado pelos analistas, que previam uma queda de 6,5%.
O resultado reflete, entre outros fatores, a redução nos gastos dos consumidores --gastos que correspondem a cerca de dois terços de toda a atividade econômica americana--, que por sua vez reflete o temor diante dos dados do mercado de trabalho do país.
No mês passado foram perdidos 651 mil empregos nos EUA, e a taxa de desemprego chegou a 8,1%, a maior desde dezembro de 1983. Nos quatro meses até fevereiro foram perdidos cerca de 2,6 milhões de empregos. Desde o início da recessão, em dezembro de 2007, cerca de 4,4 milhões de postos de trabalho foram fechados no país. O número de desempregados no país aumentou para 12,5 milhões no mês passado.
Pesquisa recente da rede americana de TV CNN divulgada nesta semana mostrou que a preocupação com o desemprego triplicou nos Estados Unidos em 2008 por causa da recessão. A secretária americana do Trabalho, Hilda Solis, definiu a situação como um "ciclo destrutivo" de perdas de empregos.
A redução acima do estimado nos estoques das empresas americanas foi outro fator que tirou força do PIB americano no trimestre passado, responsável pela queda de 0,11 ponto percentual (p.p.) no resultado apresentado hoje. Na estimativa divulgada em fevereiro, esse item respondeu por um ganho de 0,16 p.p. no índice.
As construtoras americanas também cortaram o ritmo de atividade no setor de imóveis comerciais.
A previsão dos analistas é de que a economia continue a registrar contração no primeiro semestre deste ano --para o período de janeiro a março, a expectativa é de uma contração entre 5% e 6%.
A primeira estimativa do resultado do PIB no primeiro trimestre de 2009 será divulgada no dia 29 de abril.
Depressão
No último dia 15, o presidente do Fed (Federal Reserve, o BC americano), Ben Bernanke, disse que os Estados Unidos escaparam de cair em uma depressão, como a de 1929, e que a recessão "provavelmente" terminará no final deste ano, em entrevista ao programa "60 Minutes", da rede americana de TV CBS.
Bernanke afirmou que a "chave da recuperação" é o sistema bancário. "Veremos o fim da recessão provavelmente neste ano", disse Bernanke, embora a condição indispensável para uma recuperação sustentada é que o sistema financeiro volte a funcionar regularmente.
Ontem, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, afirmou nesta quarta-feira que os Estados Unidos pediram dinheiro emprestado demais e que essa é uma das razões da atual crise.
"Uma crise como esta não tem uma causa única ou simples, mas como país pedidos empréstimos em demasia e deixamos que nosso sistema financeiro chegasse a níveis irresponsáveis de risco", disse. "Essas decisões têm causado um sofrimento enorme, e muito do dado tem recaído sobre os americanos comuns e donos de pequenos negócios que foram cuidadosos e responsáveis."
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