Taxa do cheque especial cai e volta aos níveis pré-crise
Os juros bancários recuaram em fevereiro pelo terceiro mês consecutivo, de acordo com o relatório de crédito do Banco Central divulgado nesta quinta-feira (26). A taxa de inadimplência, porém, continua no nível mais alto desde 2002.
Uma das maiores quedas foi registrada na taxa do cheque especial, que passou de 172% ao ano em janeiro para 166,7% ao ano no mês passado. É o menor juro nessa modalidade desde agosto, mês que antecedeu a alta das taxas provocada pela crise internacional de crédito.
A taxa média geral, incluindo pessoa física e jurídica em todas as modalidades pesquisadas pelo BC, caiu de 42,4% para 41,3% ao ano. É menor taxa desde setembro, quando estava em 40,4% ao ano.
Para o consumidor, os juros recuaram mais, de 55,1% para 52,7% ao ano, melhor resultado desde agosto. Para as empresas, os juros caíram de 31% para 30,8% ao ano (menor desde setembro).
Houve queda nos juros ao consumidor em todas as modalidades verificadas pelo BC. Além do cheque especial, o crédito pessoal caiu de 56,5% para 54,5% ao ano. Aquisição de veículos passou de 34,7% para 31,8% ao ano.
O prazo médio dos empréstimos para pessoas físicas chegou a 498 dias, valor recorde da série do BC (iniciada em 1991).
"Spread"
Parte da queda nos juros se deve à redução do "spread" bancário, a diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros cobrados nos empréstimos para os clientes. O "spread" caiu de 30,5 pontos percentuais para 29,7 pontos no mês passado. A taxa ainda está acima da registrada em outubro (28,3 p.p.).
Para a pessoa física, caiu de 43,6 pontos percentuais para 41,3 pontos no mês passado. Apenas para as empresas, variou de 18,8 pontos para 18,9 pontos percentuais.
Inadimplência
A inadimplência das pessoas físicas subiu pelo quinto mês consecutivo e passou de 8,2% para 8,3% no mês passado. Trata-se da taxa mais alta desde junho de 2002 (8,34%).
No mesmo período, a taxa para pessoa jurídica passou de 2% para 2,3%. A taxa geral (PF mais PJ) passou de 4,6% para 4,8%, a maior desde março de 2007 (4,9%).
No caso da pessoa física, a inadimplência ficou estável no cheque especial (10,2%) e no crédito pessoal (5,7%), mas registrou alta na aquisição de veículos (de 4,6% para 4,8%, o valor mais alto da série histórica do BC, iniciada em 1991) e de bens (13,8% para 14%).
Crédito
Já o estoque de crédito na economia cresceu 0,1% no mês passado. Para as empresas, esse indicador mostrou retração de 1,6%. Para pessoa física, subiu 1,2%.
Com isso, o volume de dinheiro emprestado hoje chegou ao valor, novamente recorde, de R$ 1,23 trilhão. Isso representa um aumento de 28,3% nos últimos 12 meses.
O volume de crédito também foi recorde na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas), passando de 41,5% em janeiro (dado revisado) para 41,6% no mês passado.
A previsão do BC é de um crescimento de 16% no crédito neste ano. Com isso, o indicador alcançaria o patamar de 43% do PIB.
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