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Segunda - 23 de Março de 2009 às 13:20
Por: Márcia Oliveira

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Vinte e dois de janeiro de 2009 pode ser considerado o marco de uma nova fase de desenvolvimento para o estado de Mato Grosso. No dia foi erguida a primeira torre de transmissão de energia elétrica de um trecho de 384 quilômetros de linhas, descontínuas, de 230 kV, que ligarão o município de Barra do Bugres (Juba) a Jauru e de Brasnorte a Nova Mutum que, assim que entrarem em operação em maio e julho de 2009, acrescentarão ao menos 188 megawatts de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Até o final de 2011, serão 1000 megawatts. Essa geração será captada de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) instaladas na região e esse avanço é considerado apenas a ponta de um iceberg chamado rede básica de transmissão de energia, que até o final de 2010, terá ampliado sua malha em 1.177 quilômetros no Nortão de Mato Grosso, onde em alguns dos municípios, a estrutura chegará pela primeira vez. Com sua robustez e complexidade ela trará consigo oportunidades de negócios, que para alguns, pode até mudar a vocação econômica do estado; possibilitará geração de renda; maior quantidade e melhor qualidade de energia para a população local e do país.

As obras seguem a todo vapor, sob a responsabilidade do consórcio Brasnorte Transmissora de Energia - formado pelas empresas Eletronorte (45%), a italiana Terna (35%) e Bimental (20%) – que está com o cronograma de entrega adiantado em quatro meses num trecho e em dois no outro. Do pacote de obras ganho pela empresa no leilão 004/2007 também consta a construção de uma subestação em Brasnorte, a ampliação da subestação da Eletronorte em Nova Mutum e a construção de uma subestação em Barra do Bugres e a ampliação da de Jauru. “Com a entrega das subestações e da linha Brasnorte/Nova Mutum em cinco meses já poderemos escoar a energia de PCHs, cuja a geração integrará o SIN, ampliando a capacidade de Mato Grosso como exportador de energia, além de estimular a construção de novas pequenas usinas na região. Mas, desde que as obras começaram, interferimos na melhoria da realidade dos municípios por onde elas passam com o recolhimento de ISS, geração de renda, emprego e desenvolvimento de programas sócio-ambientais”, informa o engenheiro e diretor técnico da Brasnorte, Sebastião Caetano Belém, responsável pela fiscalização e gestão técnica de todo o empreendimento. Ele também gerencia os programas ambientais, o de indenização a fazendeiros e a regulamentação do empreendimento na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Belém lembra que o primeiro passo para o início das obras foi a execução do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), documentos a partir dos quais o órgão estadual emitiu as licenças prévia e de instalação. Depois, foram marcadas audiências públicas nos municípios por onde as linhas passam, para esclarecer a população e as prefeituras sobre o empreendimento e então, com todas essas etapas concluídas, as obras começaram.

As linhas Brasnorte/Nova Mutum passam, além desses dois municípios, por Campo Novo dos Parecis e São José do Rio Claro. E as de Juba/Jauru passam por Barra do Bugres, Salto do Céu, Reserva do Cabaçal, Araputanga, Indiavai e Figueirópolis do Oeste. A economia de todos eles já é beneficiada pela arrecadação de ISS, desde que as obras começaram em abril e junho de 2008. Além disso, os municípios que servem de base para as obras tiveram suas economias aquecidas com a venda de alimentos, o aluguel de casas e alojamentos. No pico da construção, Belém afirma que 2 mil pessoas serão empregadas. E em toda a obra serão investidos R$ 218 milhões

Mas, para a mudança do cenário e mesmo da vocação econômica do estado, como apostam alguns, esses trechos de linha terão que ser conectados a outros, já comercializados pela Aneel no leilão 004/2008, no lote D.

O pacote do lote D foi comprado pelo consórcio TBE Centro-Oeste, que no máximo até 2011, fará a região ter mais um circuito no trecho Nova Mutum/Sinop, com a construção das linhas Nova Mutum/Sorriso e Sorriso/Sinop. Essa estrutura dará flexibilidade para o sistema e possibilitará que na falta da linha Cuiabá/Sinop, a nova abasteça a região, hoje alimentada apenas por uma fonte. No mesmo lote de obras ganho pela TBE, estão a construção da linha Juba/Brasnorte, Brasnorte/Pareci e Brasnorte/Juína, todas em circuito duplo, com tensão em 230 kV e que serão construídas numa região onde não havia qualquer estrutura da rede básica de transmissão. Com essas linhas a energia produzida em PCHs da região e da usina hidrelétrica de Dardanelos poderão entrar no SIN.

O diretor de engenharia da Rede Cemat, Evandro Xavier Braga, avalia que a implantação da rede básica naquela região desencadeará uma revolução em termos de escoamento de energia elétrica, possibilitando ligar Rondônia, por meio de Mato Grosso, ao SIN. Para Mato Grosso, Braga concorda com o engenheiro de planejamento de Sistemas Elétricos da sede da Eletronorte, Vanderlei Guimarães Machado. “Esse é um novo marco histórico para o estado, pois potencializa a capacidade de atração de indústrias de outras vocações, como por exemplo, de transformação de minério, de ferro e de produtos que exigem grandes cargas de energia para serem produzidos. Essa estrutura possibilitará energia boa, de qualidade e abundante. Em 10, 15, 20 anos Mato Grosso poderá ter na região até indústrias automobilísticas”, antevê Machado.

Na região onde está sendo construída a rede básica, Braga lembra que a única malha de transmissão que existe é da Cemat e em 138 kV, feita para atender consumidores residenciais. Com a malha mais complexa, ele avalia que a construção de novas PCHs também será estimulada, pois, elas são encaradas como negócio rentável e lucrativo diante da necessidade de energia elétrica do país e das condições naturais favoráveis da região. No que o diretor técnico da Brasnorte Transmissora de Energia, Sebastião Belém, também concorda. “Até a crise energética o governo brasileiro não via as PCHs como um investimento que deveria estimular. A partir desse momento, análises do Ministério das Minas e Energia indicam Mato Grosso como um celeiro para a construção delas, que são vistas como o modelo que causa o menor impacto ambiental e estão mais de acordo com a legislação e necessidades do país. A iniciativa privada descobriu nesse negócio algo rentável e passou a investir. Em Mato Grosso hoje existem grupos do Nordeste e de outras regiões do país que migraram para cá por saber que esse investimento é seguro. A demanda de energia elétrica só cresce no Brasil”, avalia.

Para o presidente do conselho da Brasnorte e da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), o empresário Mauro Mendes, as linhas que estão sendo construídas vão permitir ligação direta com o SIN, além de fomentar investimentos na área da construção civil que geram empregos e aquecem a economia. “A partir do momento que a energia deixa de ser impedimento, a indústria começa a crescer. Acreditamos que essas obras permitirão que o estado continue se desenvolvendo no mesmo ritmo dos últimos cinco anos”, avalia.

O diretor de engenharia da Brasnorte afirma que o empreendimento corre com tranqüilidade nos dois trechos, o que permitirá adiantar o cronograma de entrega da obra. Ele lembra também que todos os estudos e programas ambientais, tais como o de erodibilidade, monitoramento de fauna e flora, prospecção e resgate arqueológico, entre outros, seguem paralelamente. “A cada dois meses emitimos um relatório para o órgão ambiental com a descrição de nossas atividades e eles também fazem fiscalização para verificar se tudo está sendo desenvolvido como informamos. E está tudo correto”.

O gerente da Divisão de Operação da Eletronorte, José Martins do Prado, avalia que com 0a construção dessa linha, a rede básica em Mato Grosso ganha complexidade, saindo de um sistema radial para um de anel, com maior confiabilidade. “Estamos há três anos se apagão e a partir de 2010, teremos menos 50% de chances deles serem registrados”.





Fonte: Assessoria de Imprensa

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