Mercado já prevê crescimento zero para o Brasil em 2009
O mercado financeiro voltou a baixar, na última semana, a previsão de crescimento econômico da economia brasileira e passou a estimar um Produto Interno Bruto (PIB) de 0,01%, segundo o relatório de mercado, também conhecido como Focus, que foi divulgado nesta segunda-feira (23) pelo Banco Central. Na semana retrasada, a previsão já havia recuado de 1,20% para 0,59% de crescimento. Para 2010, a expectativa do mercado para o crescimento do PIB permaneceu estável em 3,50%.
Durante a maior parte do ano passado, a projeção do mercado financeiro para o crescimento do PIB de 2009 ficou em 3,50%. A projeção oficial do governo para o crescimento deste ano já esteve em 5% na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Entretanto, foi revisada por quatro vezes e, neste momento, já está em 2%. O Banco Central estima, até o momento, em 3,20% o crescimento da economia, mas deve revisar este número ainda neste mês, por meio do relatório de inflação.
A estimativa do mercado financeiro para a produção industrial, por sua vez, continua negativa. Na semana retrasada, o mercado previa uma queda de 1,59% para este indicador em 2009, valor que foi reduzido para uma retração de 2% na semana passada. Para 2010, o mercado manteve em 4% de crescimento a sua projeção para a produção industrial.
Juros
Após o corte de 1,5 ponto percentual nos juros na semana retrasada, para 11,25% ao ano - o menor nível da história - o mercado financeiro manteve a previsão de um corte de um ponto percentual nos juros em abril, para 10,25% ao ano. Para o fim deste ano, porém, a expectativa do mercado para a taxa de juros caiu de 9,75% para 9,25% ao ano. Se confirmada a previsão, será a primeira vez na história em que os juros ficam em um dígito, ou seja, abaixo de 10% ao ano. A expectativa do mercado para a taxa de juros no fim de 2010 foi mantida em 9,75% ao ano.
Inflação
No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o BC tem de atingir metas pré-determinadas pelo governo, tendo como principal instrumento a taxa de juros. Para 2009 e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%.
Porém, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo em relação à meta central. Deste modo, a inflação pode oscilar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida. O BC já informou que busca trazer a inflação para a meta central já em 2009.
A expectativa do mercado de queda de juros se deve à inflação sob controle, que também é consequência da crise financeira internacional - que está diminuindo a demanda por produtos e serviços no Brasil e gerando uma menor pressão sobre os preços.
Na última semana, a expectativa do mercado financeiro para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2009 recuou de 4,52% para 4,42%, ou seja, ficou abaixo da meta central de 4,50% deste ano. Para 2010, a estimativa do mercado para o IPCA permaneceu em 4,50%.
Taxa de câmbio
Na semana passada, dado que foi divulgado nesta segunda-feira (23), a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2009 permaneceu inalterada em R$ 2,30 por dólar. Desde a piora da crise financeira internacional, tem sido registrada uma saída maior de recursos da economia brasileira, o que tem pressionado o dólar para cima. Para o fim de 2010, a projeção ficou estável também em R$ 2,30 por dólar.
Balança comercial
No caso da balança comercial brasileira, a projeção do mercado financeiro para o saldo (exportações menos importações) de 2009 foi mantida em US$ 13 bilhões. Em 2008, a balança comercial teve superávit de US$ 24,7 bilhões, com forte queda de 38,2% frente ao ano de 2007, quando o resultado positivo somou US$ 40 bilhões. Para 2010, a previsão subiu de R$ 13 bilhões para US$ 13,3 bilhões de resultado positivo.
No caso dos investimentos estrangeiros diretos, a expectativa do mercado financeiro para 2009 permaneceu em US$ 22 bilhões na última semana. Para 2010, a projeção de ingresso de investimentos no Brasil ficou estável em US$ 25 bilhões.
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