Fritzl se declara culpado de todas as acusações
"Me declaro culpado pelos crimes dos quais fui acusado", afirmou Fritzl, 73 anos, no início do terceiro dia de julgamento. O "monstro de Amstetten" havia admitido as acusações de incesto, violação e sequestro, mas negado as de escravidão e assassinato.
Josef Fritzl, que teve sete filhos com a filha durante quase 25 anos de abusos sexuais, negava até agora a responsabilidade pela morte de um dos recém-nascidos em 1996 no porão da casa onde mantinha Elisabeth encarcerada. Agora, a confissão pode facilitar a decisão do júri.
"Não sei por que não ajudei. Esperava que o bebê pudesse passar por isso", disse, e lembrou que esteve presente no parto dessa criança em 1996. "Declaro ser culpado. Deveria ter reconhecido que o bebê estava mal", afirmou o acusado, que deve ser sentenciado nesta quinta-feira.
"Simplesmente não me dei conta. Pensava que o menino ia sobreviver", acrescentou. Ao ser questionado pela presidente do tribunal sobre o motivo que o levou a mudar de postura, respondeu que o depoimento em vídeo da filha foi a causa e acrescentou: "Eu lamento".
Terceiro dia
Para a sessão de hoje, está previsto que se apresentem os relatórios periciais sobre o estado psíquico do acusado e outros estudos técnicos sobre o cativeiro em que Fritzl encarcerou a filha durante 24 anos.
O que para muito é o julgamento do século, que atraiu centenas de jornalistas de vários países, deve terminar na próxima quinta-feira. A sessão de hoje foi aberta a um número restrito de jornalistas, depois de ontem o processo ter ocorrido a portas fechadas.
A sessão de hoje começou às 9h03 (5h03, Brasília) após o acusado ir à sala, desta vez com o rosto descoberto. Os membros do tribunal, a promotoria e a defesa ouvirão o testemunho da psiquiatra Adelheid Kastner, autora do relatório pericial sobre o acusado.
Doença mental descartada
O conteúdo da perícia foi filtrado há dias pela imprensa e indica que sob a aparência banal do acusado se esconde, em palavras do próprio Fritzl, "uma veia maligna". Segundo a autora da perícia, existe o risco de que no futuro Fritzl "cometa atos com graves consequências".
Mesmo assim, o relatório descarta que Fritz sofra de algum tipo de doença mental e acredita que sempre foi perfeitamente consciente de seus atos. O exame psiquiátrico revela uma "alteração das preferências sexuais", um enorme narcisismo e uma "incapacidade emocional" de sentir empatia com o sofrimento de suas vítimas.
Por isso, a promotoria solicitou que, independentemente da pena que seja dada, o acusado seja internado em uma instituição para delinquentes com problemas mentais. Está previsto que o júri se retire para deliberar ainda esta tarde e que amanhã se torne público o veredicto.
Após lida o veredicto, o júri, junto com os três juízes que comandam o processo, decidirão a sentença para Fritzl, que pode ir de um ano de reclusão à prisão perpétua.
Com agências internacionais
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