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Economia
Terça - 17 de Março de 2009 às 17:50

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O procurador-geral do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, disse nesta terça-feira que a seguradora americana AIG (American International Group) já pagou bônus de US$ 1 milhão ou mais a 73 executivos da subsidiária AIG Financial Products --incluindo 11 pessoas que já não trabalham mais na companhia. A empresa anunciou que vai pagar US$ 165 milhões em bonificações a seus executivos.

Entre as 11 pessoas que receberam bônus da AIG e que já não estão mais na empresa, o valor mais alto passou de US$ 4,6 milhões. Outras 22 pessoas receberam bônus de mais de US$ 2 milhões.

A seguradora --que teve um prejuízo de US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre, o maior já registrado por uma empresa americana-- já havia recebido US$ 150 bilhões do governo quando foi anunciado um novo pacote de ajuda, no valor de US$ 30 bilhões no último dia 2. O prejuízo da empresa foi apresentado no mesmo dia. No ano passado como um todo, a AIG anunciou uma perda, também recorde, de US$ 99,289 bilhões.

A AIG diz que os bônus fazem parte dos contratos dos executivos --incluindo daqueles responsáveis pelas divisões da empresa que estão mais envolvidas na crise em que a empresa se encontra. Como são cláusulas contratuais, a AIG não pode simplesmente suspender o pagamento dos bônus.

"Esses pagamentos foram todos feitos a pessoas na subsidiária cujo desempenho levou às fortes perdas e quase à quebra da AIG", diz a carta do procurador. "Na semana passada, a AIG fez mais de 73 milionários na unidade que perdeu tanto dinheiro que colocou a empresa de joelhos, forçando uma ajuda com dinheiro do contribuinte. Há algo profundamente errado com esse resultado."

Em uma carta ao presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados), Barney Frank, Cuomo disse ainda que os 10 principais executivos da empresa receberam um total de US$ 42 milhões. O bônus mais alto pago dentro desse grupo foi de US$ 6,4 bilhões.

Carta

Em uma carta ao executivo-chefe da empresa, Edward Liddy, dez senadores democratas pediram que o valor dos bônus fossem renegociados --caso contrário, planejam tentar recuperar os valores por meio de nova legislação.

"Estamos prontos para dar o passo difícil mas necessário de preparar uma legislação que permita ao governo recuperar esses valores, talvez impondo um alto imposto --que pode ser de 91%-- que terá o efeito de recuperar praticamente todo o valor que foi pago desde que a AIG se voltou para o dinheiro dos contribuintes em busca de ajuda", diz o texto.

A porta-voz da AIG, Christina Pretto, disse ontem que a empresa está em contato com o escritório do procurador e que vai responder a seus pedidos de informações. Cuomo não divulgou os nomes dos executivos que já receberam as bonificações.

Investigação

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que pedirá ao Departamento do Tesouro para tentar impedir, "por todo meio legal", a AIG de pagar as bonificações.

"Nos últimos seis meses, a AIG recebeu somas substanciais do Departamento do Tesouro", disse Obama, que acrescentou que pediu ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que use esse argumento e 'busque todo meio legal para bloquear esses bônus". Obama disse ainda que a AIG é uma empresa "que se encontra em dificuldades financeiras devido à negligência e à ganância". "Como eles justificam esse ultraje frente aos contribuintes que estão mantendo a empresa em pé?"

Entre as críticas que a empresa recebeu, no entanto, a mais contundente foi feita pelo senador republicano pelo Estado de Iowa (centro-norte dos Estados Unidos) Charles Grassley sugeriu que executivos de empresas americanas deveriam adotar comportamentos de sociedades como a do Japão e cometer suicídio ou se desculpar em público quando envolvidos em casos como o da AIG.

"Sugiro, obviamente, que eles deveriam ser tirados dos cargos, mas digo que a primeira coisa que me faria sentir um pouco melhor a respeito deles seria se eles seguissem o exemplo japonês e se apresentassem ao povo americano, se curvassem, pedissem desculpas e fizessem uma de duas coisas: renunciassem ou cometessem suicídio", disse Grassley ontem, em uma entrevista a um programa da rádio WMT, no Estado pelo qual é senador.

Hoje, o senador tentou atenuar seus comentários, mas ainda fez referência ao ritual do harakiri. Em uma teleconferência, ele afirmou que não quer que as pessoas cometam suicídio, "não é essa a minha ideia". "Eu disse que outras sociedades aceitam isso, e vi escritos sobre o que os japoneses fazem. E alguns executivos-chefe japoneses cometem suicídio. Provavelmente, na maioria dos casos, não fazem isso, mas quando não fazem eles vêm a público e expressam arrependimento; e podem ficar ou sair, mas o ponto é que eles aceitam toda a responsabilidade e a sociedade como um todo sabe que eles aceitam toda a responsabilidade", disse.





Fonte: Folha Online

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